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A conexão entre O Senhor dos Anéis e a Segunda Guerra Mundial: Tolkien se inspirou no conflito?

O Senhor dos Anéis não representa uma única coisa, porque é muito mais universal.

O Senhor dos Anéis, a obra clássica de fantasia de J.R.R. Tolkien, ressoa com fãs de todas as idades ao redor do mundo. Amizade, sacrifício, amor ao lar e superação do medo são temas universais. A obra também aborda o horror da guerra e a necessidade de resistir ao mal. Dada a centralidade desse conflito, muitos fãs traçam paralelos entre a história e a Segunda Guerra Mundial.

Tolkien escreveu O Senhor dos Anéis durante e após a Segunda Guerra, sendo publicado cerca de dez anos após o término do conflito. A magnitude dos eventos da guerra impactou o autor, e muitos leitores especulam sobre como isso afetou sua escrita. Alguns sugerem que O Senhor dos Anéis é inspirado ou até mesmo uma alegoria da Segunda Guerra Mundial, mas Tolkien rejeitou explicitamente essa ideia.

Tolkien foi um veterano da Primeira Guerra Mundial e lutou na Batalha do Somme. Ele perdeu amigos na guerra e foi hospitalizado ao retornar para casa.

A Guerra do Anel, em O Senhor dos Anéis, envolve diversas facções em duas grandes alianças, lideradas por um tirano maligno que busca conquistar o mundo. A vitória deixa as forças do bem marcadas e devastadas, resultando em um final agridoce. Certos eventos parecem espelhar o desenrolar da Segunda Guerra Mundial.

Um dos pontos de inflexão da Segunda Guerra foi o ataque japonês a Pearl Harbor, seguido pela declaração de guerra do Japão e da Alemanha aos Estados Unidos, levando à entrada americana no conflito. Os EUA haviam tentado evitar o envolvimento direto até então, e essa mudança de política ajudou a mudar o rumo da guerra para os aliados. Eventos semelhantes ocorrem em O Senhor dos Anéis.

Rohan e os Ents da Floresta de Fangorn são forças poderosas que se mantiveram fora da Guerra do Anel até serem forçados a agir. Sua decisão de se juntar à luta contra Saruman e Sauron leva a vitórias decisivas e auxilia no esforço de guerra. Rohan e os Ents poderiam representar os Estados Unidos, enquanto Gondor representaria o Reino Unido ou a União Soviética, defendendo-se até a chegada do auxílio.

A “Destruição do Condado”, presente nos livros, mas ausente nas adaptações de Peter Jackson, pode representar os estragos da guerra na paisagem inglesa que Tolkien amava. Após a derrota de Sauron, os hobbits retornam para casa e encontram Saruman no controle, corrompendo a terra. Eles lideram uma revolta para libertar os hobbits, mas percebem que a guerra afetou aqueles mais próximos a eles. Da mesma forma, a Grã-Bretanha se recuperava dos bombardeios alemães mesmo após o fim da guerra.

Embora seja possível identificar metáforas da Segunda Guerra Mundial em O Senhor dos Anéis, Tolkien negou que essa fosse sua intenção. No prefácio da segunda edição do livro, ele afirma que “detesta alegorias”, preferindo história real e fictícia. Ele reiterou essa posição em várias cartas ao longo dos anos.

Tolkien sugeriu que as pessoas viam alegorias intencionais onde a história simplesmente ecoava temas da vida em geral. Ele acreditava que uma boa história deveria se conectar com as experiências reais dos leitores de forma universal. Se os fãs sentiam que um elemento da história representava um evento específico, era sua própria interpretação, resultado de uma boa narrativa. Para Tolkien, a alegoria nunca deveria ser intencional, mas uma grande história parecerá alegórica por ser tão relacionável.

Tolkien também esclareceu que começou O Senhor dos Anéis anos antes da guerra, refutando a ideia de que o romance fosse uma metáfora para o conflito. Embora tenha levado anos para finalizar a escrita, e a guerra tenha atrasado seu trabalho, os fundamentos da narrativa foram estabelecidos antes da Segunda Guerra Mundial.

Isso não significa que Tolkien não reconhecesse como os leitores podiam ver elementos da Segunda Guerra Mundial refletidos em seu romance. Ele admitiu que suas visões pessoais e eventos em sua vida impactaram sua escrita, como acontece com qualquer autor. Embora nunca tenha pretendido que O Senhor dos Anéis fosse lido como uma versão fantasiosa da guerra, ele ficaria satisfeito em saber que seus fãs a consideravam suficientemente relacionável para aplicá-la a muitos eventos diferentes.

O Senhor dos Anéis reflete os sentimentos de Tolkien sobre a vida e a condição humana. A Terra-média foi influenciada pelas crenças religiosas de Tolkien, suas experiências na Primeira Guerra Mundial e inúmeros outros aspectos de sua vida e filosofia. Alguns fãs veem paralelos com a Segunda Guerra Mundial, enquanto outros veem simbolismo cristão. Muitos outros veem as jornadas dos personagens como espelhos de eventos históricos completamente diferentes ou até mesmo de suas próprias vidas. Essa sempre foi a intenção do autor.

O Senhor dos Anéis não representa uma única coisa, porque é muito mais universal. A união entre companheiros de armas, a nobreza de lutar contra o mal e encontrar o amor mesmo na escuridão e no desespero são coisas que os humanos experimentaram por milênios.

É compreensível que muitos fãs interpretem erroneamente O Senhor dos Anéis como representação da Segunda Guerra Mundial. O momento de seu lançamento, as conexões entre a guerra real e a ficcional e a vida pessoal de Tolkien parecem apoiar essa conclusão. Tolkien ficaria triste, no entanto, ao pensar que os fãs estão vendo sua história de apenas uma maneira. A épica é mais do que qualquer evento, e Tolkien gostaria que seus leitores a lessem como representativa de muitas experiências diferentes.

Thiago Santos

Sou um estudante de Ciências e Tecnologia, apaixonado por inovação e sempre antenado nas últimas tendências tecnológicas. Acredito que o futuro está intrinsecamente ligado ao avanço da ciência, e estou empenhado em contribuir para esse progresso. Além dos estudos, sou um apaixonado por cinema e séries. Nos momentos de lazer, valorizo a companhia dos amigos. Gosto de compartilhar risadas, experiências e construir memórias com aqueles que são importantes para mim. Essa convivência é fundamental para equilibrar minha busca por conhecimento e meu amor pelo entretenimento e tecnologia.

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