Godzilla de 1998: Marketing Genial e a Nostalgia de um Clássico dos Anos 90
Os anos 90 foram uma década mais simples, e quando se trata de marketing de entretenimento, foram o auge. O marketing e as parcerias daquela época conseguiam tornar atraentes até mesmo os blockbusters mais decepcionantes. O exemplo máximo disso é Godzilla, de Roland Emmerich.
O filme, criticado quase tanto quanto o execrável Wild Wild West, teve como maior pecado ter pisoteado a franquia da Toho aos olhos dos fãs de Godzilla. O próprio Emmerich admitiu que não tinha interesse em adaptar a propriedade intelectual, e isso fica claro no resultado final. Contudo, agora, mais de 25 anos depois, é fácil ver Godzilla como um divertido e extravagante filme dos anos 90. E os fãs do monstro agora têm todo o Monsterverse para assistir, caso queiram uma abordagem americana mais tradicional do gigante radioativo.
Se o cinema blockbuster dos anos 90 pudesse ser comparado a algo, seria a uma montanha-russa. Filmes como Jurassic Park, A Múmia, Independence Day, Anaconda, Velocidade Máxima, Con Air, O Fugitivo, Twister e O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final servem como exemplos. E, embora Godzilla não tenha recebido o mesmo reconhecimento da crítica de Velocidade Máxima ou Jurassic Park, ele se encaixa bem na lista.
Essa inclusão se deve, em grande parte, à força das campanhas de marketing dos filmes. Mas pode-se argumentar que a de Godzilla foi a maior de todas. O filme de 1998 foi semelhante a Batman em 1989, embora, depois que chegou aos cinemas, a repercussão não tenha sido tão positiva quanto a conversa em torno do blockbuster de Tim Burton. De qualquer forma, pelo menos o retorno financeiro não foi tão decepcionante quanto o de Waterworld, que também teve uma campanha de divulgação massiva.
E, por falar em Batman, os três filmes do Homem-Morcego dos anos 90 também têm algumas semelhanças com o filme de Emmerich. No caso de Batman: O Retorno, o marketing anunciava algo diferente do produto final. E, nesse caso, os pais não ficaram felizes em levar seus filhos a um filme tão sombrio. A comparação mais direta é com Batman & Robin, que teve dezenas de milhões gastos em brinquedos e parcerias com redes de fast-food, apenas para que as pessoas odiassem o filme ao qual eles estavam ligados.
Quando se trata de parcerias com fast-food para o Zilla, a campanha de US$ 20 milhões do Taco Bell foi consistentemente inteligente e, a essa altura, icônica. Os brinquedos eram legais, mas o comercial com o chihuahua tentando pegar o monstro gigante com o chamado “Lagarto, lagarto, lagarto” e uma armadilha de caixa de papelão era genial.
Diddy (então Puff Daddy) chegou a se juntar a Jimmy Page, do Led Zeppelin, para a música “Come with Me”. A canção tocou bastante nas rádios e a amostra da música “Kashmir”, do Led Zeppelin, foi muito bem usada nos créditos finais do filme. E todo o crédito a Diddy, ele realmente conseguiu se tornar o maior monstro em um filme sobre uma iguana radioativa de 55 metros.
Além do Taco Bell, houve uma série de outdoors gigantes, a maioria dos quais comparava sua enormidade com a do monstro do título. Por exemplo, um deles era tão alto quanto um prédio de oito andares, com o texto “Ele é duas vezes mais alto do que esta placa”. Eles foram ainda mais criativos com este aspecto da campanha, cobrindo totalmente ônibus em um pôster que dizia: “O pé dele é tão longo quanto este ônibus”. Por mais que as ações do Taco Bell fossem ótimas, as comparações de tamanho eram o trunfo da campanha de marketing de Godzilla, pois eram uma vitória dupla. Primeiro, era a promoção ideal do que os fãs de filmes de monstros queriam ver. Segundo, eles não estavam mostrando muito do monstro na campanha.
E, dadas as reações ao design do monstro, mostrar menos era muito, muito melhor para Godzilla. No final, a destruição da crítica ao filme de Emmerich foi o que acabou com a potencial sequência, mas a ironia é que ele se tornou um favorito dos fãs, uma relíquia divertida de sua época e, ajustado pela inflação, vendeu um número comparável de ingressos ao reboot de 2014, que iniciou não apenas uma franquia, mas um universo compartilhado.