Pescador morre após ataque de peixe-leão em Grossos

O animal chega a medir até 47 centímetros de comprimento e possui múltiplos espinhos venenosos que dificultam a captura.
Pescador morre após ataque de peixe-leão em Grossos
Thiago Rodrigues da Silva, pescador de 25 anos

Um trágico episódio registrado na tarde do último domingo (18) reacendeu o alerta sobre a presença do peixe-leão, espécie venenosa e invasora, na costa do Rio Grande do Norte. Thiago Rodrigues da Silva, pescador de 25 anos – morador da comunidade de Manibu, em Icapuí/CE, morreu afogado após ser ferido pelos espinhos do animal enquanto pescava com o pai na praia de Pernambuquinho, em Grossos, litoral Oeste potiguar.

Segundo o depoimento do pai da vítima à Polícia Civil, os dois estavam em alto mar quando Thiago puxou uma rede e foi atingido por duas ferroadas do peixe-leão. Após o contato, o jovem passou mal e acabou se afogando. A Polícia Militar, que atendeu à ocorrência, também confirmou a dinâmica em relatório: “Thiago foi ferido por um peixe-leão, espécie marinha venenosa comum em águas tropicais. Após ser ferido, ele continuou no mar e acabou morrendo afogado”.

O Instituto Técnico-Científico de Perícia do RN (ITEP) realizou os exames e atestou que a causa da morte foi afogamento. O envenenamento causado pelo peixe, porém, pode ter sido o fator determinante para a perda de consciência da vítima e, consequentemente, seu afogamento.

O peixe-leão (Pterois volitans) é um animal de origem indo-pacífica, caracterizado por espinhos venenosos capazes de provocar reações intensas no corpo humano, como dor local, inflamação, náuseas e convulsões. Apesar de seu veneno não ser considerado fatal em condições normais, a picada pode comprometer os movimentos, dificultar a respiração e causar perda de consciência — especialmente em ambiente marinho, como foi o caso.

A espécie já foi registrada no litoral do RN, inclusive em Tibau e Porto do Mangue, e representa uma ameaça direta à biodiversidade marinha brasileira. Seu avanço vem sendo monitorado por pesquisadores, como explica a professora Liana Mendes, do Departamento de Ecologia (Decol), da UFRN. “O peixe-leão ocupa o espaço de animais nativos, além de dizimar espécies de peixes e invertebrados, como os crustáceos, que são organismos cruciais para manter o ecossistema saudável”, pontuou.

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O animal chega a medir até 47 centímetros de comprimento e possui múltiplos espinhos venenosos que dificultam a captura. Ele se tornou um predador agressivo, interferindo no equilíbrio de habitats tropicais e prejudicando a pesca local.

Diante da proliferação da espécie, estratégias de contenção estão sendo discutidas. Entre as propostas destacadas pela professora Liana estão campeonatos de captura, ações de educação ambiental e até mesmo o aproveitamento econômico do animal. “Uma possibilidade seria transformar o peixe invasor em um atrativo rentável, já que a carne do animal é apreciada na culinária e a pele pode ser utilizada na confecção de carteiras”, sugeriu. Ela ainda afirma que, com o tempo, predadores naturais poderão controlar a população do peixe-leão, embora isso ainda dependa de fatores ecológicos imprevisíveis.

A morte do jovem pescador serve como um alerta para os riscos da atividade pesqueira em áreas com presença da espécie invasora, que vem se espalhando silenciosamente pela costa brasileira. A necessidade de prevenção, informação e capacitação dos pescadores e banhistas torna-se cada vez mais urgente diante da ameaça crescente representada pelo peixe-leão, tanto ao meio ambiente quanto à vida humana.

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