⚠️ Este texto contém spoilers da trama.
Não importa a idade: se você viveu o cinema dos anos 80, ouviu um “cera liga, cera desliga” com carinho e respeito. E se atravessou os anos 2000, é provável que tenha visto Jackie Chan ensinar comedidamente a quebrar madeira com filosofia. Pois bem, Karatê Kid: Lendas une esses dois mundos. E faz isso melhor do que qualquer um poderia imaginar.
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Assisti à sessão com a expectativa de um reencontro. E fui atendido — mas com uma surpresa: o filme não é só homenagem, é expansão. É sobre legado. E é sobre Li Fong (Ben Wang), o novo protagonista que carrega o passado da franquia nos ombros sem nunca deixar de ser o centro da própria jornada.
O longa dirigido por Jonathan Entwistle começa após uma tragédia familiar. Li e sua mãe (vivida por Ming-Na Wen) deixam Pequim e se mudam para Nova York. Um novo mundo, uma nova língua, uma nova dor. Li tenta passar despercebido na escola, mas a injustiça o cerca. Quando um amigo sofre bullying pesado, ele decide agir — e com isso atrai a atenção de Victor (Joshua Jackson), um campeão local com sede de humilhação.
A narrativa ganha força quando Mr. Han (Jackie Chan) ressurge como mentor. O reencontro com o público é silencioso, calmo, sábio — exatamente como lembrávamos. Mas Han sabe que não pode treinar Li sozinho. Entra em cena Daniel LaRusso (Ralph Macchio), agora mais maduro, menos impulsivo, mas ainda com aquele fogo do Valley no olhar. A dinâmica entre os dois mestres — um do kung fu, outro do karatê tradicional — é onde o filme brilha. Não há competição entre eles, mas aprendizado mútuo. É essa fusão que transforma Li em algo novo: um artista marcial que une respeito, técnica e coração.
Ben Wang está excelente no papel. Convence nos treinos, nas lutas e, principalmente, nas pausas silenciosas — quando o personagem se confronta com sua dor e dúvida. A sequência do treino no telhado, mesclando movimentos do kung fu fluido com a rigidez do karatê, é de encher os olhos. A direção de fotografia de Justin Brown sabe valorizar a luz da cidade, os reflexos do passado e a tensão dos combates.
O roteiro de Rob Lieber e Anthony Tambakis entrega algo raro: personagens com tempo de tela e voz. Sadie Stanley, Aramis Knight e Wyatt Oleff surgem como aliados críveis, não apenas coadjuvantes descartáveis. E Joshua Jackson faz um vilão com motivações, não um simples brutamonte.
A luta final no torneio de Nova York é digna do clímax que se espera de um Karatê Kid. Mas o verdadeiro golpe vem depois, nos créditos.
Na cena pós-créditos, vemos Daniel voltando ao Valley. E quem o espera? Johnny Lawrence (William Zabka). Sim, ele mesmo. Os dois, lado a lado, compartilham um momento breve, mas simbólico. Como um aceno para Cobra Kai, como um “ainda não acabou”. Não há fan service gratuito: há encerramento e ponte para o que virá.
No Rotten Tomatoes, o filme conquistou 78% de aprovação da crítica e 85% do público — e isso não é por acaso. Karatê Kid: Lendas respeita seu passado, mas olha para frente. Tem coração, suor, honra e técnica. É um filme de artes marciais, sim, mas também de amadurecimento, luto, reconstrução.
Saí do cinema não com vontade de dar chutes — mas de refletir sobre o que passamos adiante, como mestres ou aprendizes. O legado de Karatê Kid segue vivo. E, agora, com novas lendas sendo escritas.
📌 Karatê Kid: Lendas
⏱ Duração: 1h34
📅 Estreia no Brasil: 8 de maio de 2025
🔞 Classificação indicativa: 12 anos
🎭 Gêneros: Comédia, Drama, Artes Marciais
🎬 Direção: Jonathan Entwistle
🖋 Roteiro: Rob Lieber, Anthony Tambakis
🎟 Elenco: Ben Wang, Jackie Chan, Ralph Macchio, Joshua Jackson, Sadie Stanley, Ming-Na Wen, William Zabka (pós-créditos)
🍅 Rotten Tomatoes: 78% (crítica) / 85% (público)