A vida adulta tem um jeito silencioso de nos roubar pedaços. E quando percebemos, somos os mesmos que já decoraram falas inteiras de animações como Lilo & Stitch ou Como Treinar o Seu Dragão — mas agora estamos na cadeira ao lado dos nossos filhos. E é aí que o cinema acerta em cheio: quando nos entrega, mais do que uma nova versão, uma chance de reencontro.
Dois clássicos infantis voltam às telonas em forma de carne, osso e CGI. O primeiro, Lilo & Stitch, chega em 22 de maio com seu caos azul e ternura havaiana. O segundo, Como Treinar o Seu Dragão, estreia em 12 de junho (com sessões antecipadas a partir do dia 7), trazendo o reencontro entre a humanidade e os dragões — agora sob lentes realistas. Ambos vêm com o peso de quem carrega memória demais.
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Mas não é só nostalgia. É reconexão.
Lilo & Stitch: ‘Ohana ainda quer dizer nunca abandonar ou esquecer’
Na época em que a animação estreou, muita gente enxergou apenas o alienígena bagunceiro. Mas havia ali uma história sobre laços em meio ao desamparo. Sobre famílias formadas não pelo sangue, mas pela insistência em permanecer.
A nova versão live-action aposta nessa mesma alma. Com cenários reais no Havaí, representatividade no elenco e um Stitch criado digitalmente, mas ainda com o mesmo olhar doce e inquieto. O que se espera — e o que eu espero — é que essa releitura consiga preservar o que há de mais humano na história: a sensação de que, mesmo quebrados, ainda somos capazes de amar e cuidar.
Como Treinar o Seu Dragão: a coragem de confiar no que nos ensinaram a temer
Poucas histórias da animação recente dialogam tão bem com o amadurecimento quanto Como Treinar o Seu Dragão. Soluço e Banguela não são apenas ícones da fantasia. Eles são a metáfora perfeita da coragem de contrariar tradições em nome de um mundo melhor.
Ver essa narrativa agora com atores reais, dragões hiper-realistas e batalhas dramatizadas será — ou deveria ser — mais do que um espetáculo visual. Deve ser um lembrete: crescer é difícil, mas se feito com compaixão, torna-se bonito.
O desafio da adaptação está justamente aí. Não basta fazer os dragões parecerem reais. É preciso fazer o público sentir como antes. Eu estarei na sala escura torcendo para que consigam.
A mágica de voltar e levar alguém pela mão
Ninguém vai sozinho ao cinema nesses casos. A gente leva o filho, o sobrinho, ou leva o que restou de nós mesmos quando tínhamos sete ou oito anos e acreditávamos que desenhos animados eram só passatempo. Hoje sabemos que eram abrigo.
Por isso, quando me sentar naquela poltrona e ouvir as primeiras notas da trilha sonora, não estarei apenas assistindo a um remake. Estarei permitindo que meus filhos vejam o que um dia me emocionou. E que, com sorte, ainda emociona.
É disso que se trata. O cinema, em sua forma mais pura, é ponte entre quem fomos e quem estamos tentando ser.