A disputa entre HBO e AMC pelos direitos de ‘The Walking Dead’ e a importância de Robert Kirkman na produção

A adaptação televisiva de The Walking Dead, a aclamada série de quadrinhos de zumbis da Image Comics, quase tomou um rumo bem diferente. Segundo relatos, um executivo da NBC perguntou a Frank Darabont, roteirista e diretor indicado ao Oscar por Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre, se “realmente precisava ter zumbis” na adaptação da HQ. A emissora imaginava a série como um drama policial com zumbis, no estilo “crime da semana”.

Antes de chegar à AMC, a adaptação de The Walking Dead também foi considerada por outras emissoras como a HBO e, inclusive, a própria NBC. O criador dos quadrinhos, Robert Kirkman, destacou a importância de Darabont no desenvolvimento da série para a TV. “A verdade é que Frank Darabont fez The Walking Dead acontecer. Se ele não tivesse entrado na House of Secrets [loja de quadrinhos] em Burbank e alguém não tivesse recomendado a ele um quadrinho de The Walking Dead, eu não estaria aqui agora”, afirmou Kirkman.

A Image Comics publicou 70 edições de The Walking Dead desde 2003 até a AMC aprovar a produção de uma primeira temporada com seis episódios em março de 2010. Antes do anúncio, houve uma disputa acirrada entre a AMC e a HBO, conhecida por séries de sucesso como Oz, The Wire e Família Soprano.

Kirkman revelou que esteve bastante envolvido nas decisões iniciais, trabalhando com seu empresário para coordenar as promessas da AMC a Darabont. O episódio piloto, dirigido por Darabont, manteve-se fiel à primeira edição dos quadrinhos, expandindo o encontro do policial Rick Grimes com os sobreviventes Morgan e Duane Jones. Apesar de algumas mudanças ao longo da primeira temporada, como o confronto com os Vatos – episódio que marcou a estreia de Kirkman como roteirista na série – a versão da AMC foi mais fiel aos quadrinhos devido à disputa entre as emissoras.

“Houve uma competição entre AMC e HBO. Eles queriam agradar o criador dos quadrinhos”, explicou Kirkman. “A cada nova proposta, a disputa ficava mais intensa. Eu ganhei mais acesso, controle e envolvimento no projeto até estar na sala dos roteiristas, como produtor executivo, participando das decisões de elenco”. Kirkman acrescentou: “Eu entendo a perspectiva das emissoras sobre como os criadores e autores podem parecer. No entanto, The Walking Dead era uma série muito popular. Muitas vezes, eu estava em reuniões de produção ou elenco, dizendo ‘Eu fiz isso no quadrinho, e a reação do público foi assim’. Essa experiência foi muito valiosa”. Para ele, o envolvimento dos autores originais é fundamental em todas as etapas da produção.

Em 2010, na edição 70 de The Walking Dead, Kirkman expressou aos leitores suas “grandes esperanças” para a série da AMC, produzida por Darabont e Gale Anne Hurd (O Segredo do Abismo e O Exterminador do Futuro). “Sei que vocês, leitores, têm receios quanto às adaptações de seus quadrinhos favoritos. Às vezes funciona, outras vezes é um desastre. Mas, estou aqui para dizer que esta [adaptação] parece promissora. É tão fiel aos quadrinhos quanto eu desejo. Não será uma adaptação quadro a quadro, mas é próxima o suficiente para que, se você gosta dos quadrinhos, gostará da série, e ainda haverá surpresas”, escreveu Kirkman.

O episódio piloto de The Walking Dead, “Days Gone Bye”, alcançou 5,3 milhões de telespectadores em sua estreia na noite de Halloween de 2010, tornando-se a maior audiência de estreia de uma série original da AMC. Incluindo as reprises, o episódio totalizou 8,1 milhões de espectadores. “Days Gone Bye” marcou a maior estreia de uma série a cabo naquele ano, com 3,6 milhões de espectadores na faixa etária de 18 a 49 anos, resultando em uma série de 11 temporadas e 177 episódios na AMC.

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