O filme ‘É Assim que Acaba’, adaptação do romance de Colleen Hoover, tem gerado mais polêmica nos bastidores e pós-lançamento do que propriamente na tela. A trama, que aborda temas delicados como violência doméstica e abuso emocional, acabou ofuscada por alegações graves e processos judiciais envolvendo o diretor e ator Justin Baldoni e a atriz Blake Lively.
Antes mesmo da estreia, Lively já havia recebido críticas por promover o filme com figurinos floridos, o que muitos interpretaram como uma forma de minimizar a carga emocional da história. No entanto, o que realmente chamou a atenção foi o distanciamento público entre o elenco e Baldoni, confirmado posteriormente pela ação judicial movida por Lively.
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Por que Blake Lively processou Justin Baldoni?
Em 20 de dezembro de 2024, Blake Lively entrou com uma ação judicial de 80 páginas contra Justin Baldoni, Wayfarer Studios e outros envolvidos na produção do filme. As acusações incluem assédio sexual, retaliação, falha em investigar e prevenir o assédio, quebra de contrato, imposição intencional de sofrimento emocional, negligência e invasão de privacidade. A denúncia detalha uma reunião em 4 de janeiro de 2024, na qual Lively apresentou uma lista de exigências para garantir sua segurança e bem-estar no set.
Entre as exigências de Lively, estavam:
- Fim da exibição de vídeos ou imagens de mulheres nuas, incluindo a esposa do produtor, para ela ou seus funcionários.
- Proibição de mencionar a “dependência em pornografia” de Baldoni e Jamey Heath.
- Fim das discussões sobre experiências sexuais pessoais.
- Proibição de mencionar situações de falta de consentimento sexual.
- Fim de descrições da genitália para Lively.
- Proibição de piadas sobre denúncias de assédio no set.
- Fim de perguntas sobre o peso de Lively ao seu treinador.
- Proibição de mencionar que Baldoni “falou com” o pai morto de Lively.
- Fim da pressão para Lively revelar suas crenças religiosas.
- Aviso imediato em caso de exposição à COVID-19.
- Presença constante de um coordenador de intimidade nas cenas com Baldoni.
- Proibição de contato físico ou comentários sexuais sem consentimento.
- Coreografia prévia para beijos, sem mordidas ou sucções sem consentimento.
- Presença de um representante de Lively durante filmagens de cenas de nudez ou sexo.
- Escolha de atores profissionais para cenas íntimas, não amigos dos produtores.
- Uso de dublê em cenas de estupro ou violência com Baldoni.
- Proibição de adicionar cenas de sexo sem aprovação prévia.
- Presença de coordenador de intimidade com monitor em cenas de nudez ou sexo simulado.
- Proibição de acesso a monitores durante cenas fechadas, exceto para equipe essencial.
- Proibição de Baldoni e Heath entrarem no trailer de Lively quando ela estiver nua.
- Fim de reuniões privadas e demoradas no trailer de Lively.
- Proibição de Baldoni pressionar para defumar os funcionários de Lively.
- Inclusão e autoridade para a produtora Alex Saks.
- Supervisão diária da Sony na produção.
- Contratação de produtor experiente para supervisionar a segurança.
- Proibição de pressionar Lively a cruzar linhas de piquete.
- Proibição de comportamento retaliatório ou abusivo.
- Reunião presencial antes da retomada da produção para aprovar um plano de segurança.
A denúncia também alegava que Baldoni e sua equipe planejaram uma campanha de difamação para prejudicar a reputação de Lively. A estratégia de marketing que pedia foco na “força e resiliência” da personagem, em vez de enfatizar a violência doméstica, também foi mencionada como parte do problema.
A repercussão da notícia gerou grande apoio a Lively. A contratação pela equipe de Baldoni da mesma assessoria de crise que trabalhou com Johnny Depp em seu processo contra Amber Heard, motivou a atriz de ‘Aquaman’ a se pronunciar sobre o caso. A agência de talentos WME abandonou Baldoni e a Sony Pictures declarou seu apoio a Lively, condenando qualquer ataque à sua reputação.
Justin Baldoni processa o New York Times
Em 31 de dezembro de 2024, Justin Baldoni processou o New York Times por difamação, invasão de privacidade, fraude e quebra de contrato. Segundo a ação, Baldoni e sua equipe sofreram danos de pelo menos 250 milhões de dólares devido ao artigo do jornal, que teria se baseado em informações distorcidas. Baldoni alegou que o artigo usou “comunicações selecionadas e alteradas” para enganar o público, além de acusá-lo de uma campanha de difamação que, segundo ele, foi orquestrada por Lively.
A ação de Baldoni também envolveu Ryan Reynolds, marido de Lively. Baldoni alega que Reynolds o acusou de “gordofobia” durante uma reunião, após Baldoni perguntar sobre o peso de Lively para uma cena do filme. A queixa também afirma que Reynolds pressionou a agência WME para que ela deixasse de representar Baldoni, o que foi negado pela WME.
O advogado de Lively respondeu à ação de Baldoni, afirmando que ela não altera as queixas iniciais e que a ação de Baldoni é baseada em uma premissa falsa. O New York Times também respondeu, afirmando que a reportagem foi “meticulosamente apurada” e baseada em documentos originais.
Justin Baldoni processa Blake Lively
Em 16 de janeiro de 2025, Baldoni e sua equipe apresentaram uma ação de 400 milhões de dólares contra Lively, Reynolds, Leslie Sloane e Vision PR por extorsão, difamação, invasão de privacidade, quebra de contrato, interferência em relações contratuais e outras acusações. A ação alega que Lively “roubou” o filme de Baldoni e que usou ameaças para relegá-lo ao ostracismo na estreia. A equipe de Lively respondeu, chamando a ação de “mais um capítulo do manual do agressor” que tenta inverter os papéis da vítima e do agressor (DARVO).
Nicepool: uma caricatura de Baldoni?
Um desenvolvimento peculiar foi a inclusão do personagem Nicepool (uma versão de Deadpool) no processo. Segundo uma emenda à queixa original de Baldoni, o personagem interpretado por Reynolds seria uma caricatura de Baldoni, inclusive com referências a coordenadores de intimidade e um penteado semelhante ao que Baldoni usava antes. O personagem também faria comentários inadequados sobre o corpo de uma mulher após o parto, justificando com o argumento de que se identificava como feminista.
Quando os casos irão a julgamento?
A equipe jurídica de Baldoni divulgou um vídeo de bastidores de ‘É Assim que Acaba’, no qual Baldoni e Lively dançam e conversam. A cena foi citada na denúncia de Lively, que alegou que Baldoni a beijou no pescoço de forma inadequada. A equipe de Baldoni usou a mesma cena para acusar Lively de sugerir que Baldoni fizesse uma rinoplastia.
A equipe de Lively rebateu, afirmando que o vídeo confirmava as alegações de Lively e mostrava seu desconforto com o contato físico não desejado. Uma coordenadora de intimidade analisou o vídeo para o The Hollywood Reporter e confirmou o desconforto de Lively.
A divulgação do vídeo levou Lively e Reynolds a solicitarem uma ordem de silêncio contra Baldoni, o que foi respondido por Baldoni com um áudio de sete minutos pedindo desculpas a Lively pela produção de ‘É Assim que Acaba’. Não está claro se ou como isso absolve Baldoni de qualquer acusação. O julgamento está agendado para começar em 9 de março de 2026 e Lively e Reynolds pediram a rejeição da ação de 400 milhões de dólares de Baldoni.