Crepúsculo x Drácula: qual versão de vampiro é mais fiel ao original?
Vampiros estão novamente em alta no entretenimento, com séries como Entrevista com o Vampiro e o vindouro filme Nosferatu. Essas criaturas sobrenaturais, que se alimentam da essência vital dos vivos (principalmente sangue), povoam lendas e folclores há séculos, com histórias presentes em diversas culturas ao redor do mundo. No entanto, a representação dos vampiros na ficção nem sempre segue à risca os mitos originais.
O romance Drácula, de Bram Stoker, publicado em 1897, é considerado um divisor de águas na ficção vampiresca, influenciando diversas obras posteriores. Surpreendentemente, quando comparamos os vampiros de Drácula com as adaptações cinematográficas, percebemos que os vampiros de Crepúsculo são mais fiéis ao original do que os de Nosferatu.
No livro de Stoker, os vampiros são apresentados como seres sedutores que atraem suas vítimas. O vampirismo é retratado como uma possessão demoníaca contagiosa, transmitida do vampiro para sua vítima. Essas características refletiam os medos da Europa vitoriana, onde doenças como tuberculose e sífilis eram grandes preocupações de saúde pública. Stoker também estabeleceu as “regras” do vampirismo, como força e velocidade aprimoradas, poderes sobrenaturais (incluindo metamorfose e controle mental) e a ideia de que a luz do dia não prejudica os vampiros, apenas limita seus poderes, como a mudança de forma.
É comum vermos, nas produções contemporâneas, vampiros que são vulneráveis à luz solar. Essa característica foi popularizada pelo filme Nosferatu, que também modificou outras características dos vampiros, tornando-os menos sedutores e eliminando a possibilidade de contágio. A vulnerabilidade à luz solar se tornou uma marca dos vampiros na ficção, mas é uma invenção de Nosferatu, já que o Drácula original não sofria com a luz do sol. Assim, a família Cullen, de Crepúsculo, está mais próxima do padrão original.
Na saga Crepúsculo, os vampiros se assemelham mais ao Drácula de Stoker. São atraentes e possuem qualidades sedutoras, além de atributos como força, velocidade e resistência sobre-humanas. Eles também exibem poderes sobrenaturais, como leitura de mentes e controle mental. Uma das maiores fidelidades ao livro de Stoker é que a luz do sol não os enfraquece, mas causa um efeito diferente: a pele dos vampiros de Crepúsculo brilha sob a luz solar, o que dificulta que se escondam entre os humanos.
Ao longo da história da ficção, a representação dos vampiros sofreu diversas transformações. Drácula inspirou Nosferatu, que introduziu a fraqueza à luz solar. Essa característica foi adotada em inúmeras outras histórias, como as de Anne Rice, que por sua vez também fizeram suas próprias mudanças nos atributos dos vampiros, influenciando as representações contemporâneas. É interessante notar que os vampiros de Crepúsculo podem não estar tão distantes do conceito original de Stoker quanto se imagina, sendo tão fiéis quanto a versão de Nosferatu.
Nosferatu tem estreia nos cinemas em 25 de dezembro. A saga Crepúsculo está disponível para streaming no Hulu.