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Crise na Ubisoft: Demissões, greves e futuro incerto após ano difícil

A Ubisoft, que já foi uma gigante dos games, enfrenta um período turbulento. 2024 não tem sido um bom ano para a empresa, que parece estar seguindo uma tendência preocupante no setor de jogos AAA. O cenário atual mostra uma mudança nas expectativas dos jogadores, que buscam mais do que apenas gráficos avançados.

A empresa teve seu auge com sucessos como Assassin’s Creed e Far Cry, além de franquias como Tom Clancy’s, Prince of Persia e Just Dance. Títulos da Ubisoft costumam ser presença garantida na biblioteca de qualquer gamer. No entanto, a situação mudou em 2023, com demissões, cancelamentos e desempenho abaixo do esperado, o que afetou as finanças da companhia.

Em 2024, a situação se agravou. Cerca de 700 funcionários franceses entraram em greve após o encerramento da equipe de Prince of Persia: The Lost Crown, justificado pela empresa como uma resposta ao jogo não ter alcançado os padrões de qualidade esperados. A decisão gerou revolta entre os colaboradores, evidenciando o descontentamento interno.

O problema não para por aí. Assassin’s Creed: Shadows, um dos títulos mais aguardados pelos fãs, foi adiado para fevereiro de 2025, após ter se envolvido em polêmicas. Soma-se a isso a demissão de aproximadamente 800 funcionários, o que pinta um cenário desanimador para a empresa. Muitos jogadores se questionam o que aconteceu com a gigante dos games, que parece estar à beira do abismo.

Diante desse cenário de decisões ruins e resultados ainda piores, a Ubisoft busca uma tábua de salvação. A empresa está considerando uma possível aquisição pela gigante chinesa Tencent. A família fundadora, Guillemot, declarou que está explorando alternativas para estabilizar a empresa e aumentar seu valor, com a Tencent sendo uma das opções.

A Ubisoft precisa desesperadamente se reerguer, e um acordo com a Tencent pode ser a solução. No entanto, fica a dúvida se a parceria seria suficiente ou se decisões desfavoráveis voltariam a colocar a empresa em risco.

A crise da Ubisoft reflete um problema generalizado nos estúdios AAA. Muitas empresas estão repetindo os mesmos erros que levaram a Ubisoft a essa situação. É comum ouvir falar de jogos com desempenho abaixo do esperado, mas pouco se discute as causas e o que pode ser feito para mudar. Muitas empresas estabelecem expectativas irrealistas para seus jogos, buscando o lucro a qualquer custo, e se esquecem de que o sucesso de um game está ligado à sua essência.

Os jogadores buscam histórias que os toquem, os inspirem, que os façam rir e chorar, além de personagens que criem conexão com o público. Não se trata apenas de gráficos, mas de uma trama bem elaborada e uma experiência de qualidade. Impor preços elevados em jogos com expectativas irreais irrita o público, principalmente quando comparado ao trabalho de desenvolvedores independentes que entregam tramas e personagens incríveis com menos recursos.

Desenvolvedores independentes entendem que as pessoas buscam conteúdo, e não apenas beleza visual. As empresas AAA deveriam repensar suas estratégias, pois o foco apenas em gráficos não garante o sucesso a longo prazo. Infelizmente, pode ser que a falência da Ubisoft seja necessária para que os grandes estúdios compreendam que o mais importante em um jogo é a dedicação e a paixão envolvida, e não apenas números e lucro. Até que essa mentalidade mude, o futuro da Ubisoft em 2025 não parece nada animador.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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