De 101 Dálmatas a O Rei Leão: furos de roteiro em clássicos da Disney
A Disney, com mais de um século de história, criou centenas de obras cinematográficas que marcaram gerações. No entanto, mesmo as melhores dessas histórias apresentam alguns furos de roteiro que, uma vez notados, são difíceis de ignorar. Esses deslizes, embora muitas vezes compreensíveis em prol de uma narrativa mais leve e divertida, podem fazer com que os fãs vejam seus filmes favoritos com outros olhos.
Um dos exemplos mais notórios é o de 101 Dálmatas (1961). O filme apresenta um casal, Roger e Anita, que inicialmente têm dois cães, Pongo e Perdita, e terminam com 101 dálmatas. Embora a trama explique que 15 filhotes são da ninhada original e os demais são resgatados após o plano de Cruella de Vil, a logística de criar tantos animais é ignorada. A nova riqueza de Roger, graças a uma canção sobre Cruella, oferece uma justificativa, mas não aborda os desafios de alimentar, abrigar e cuidar de tantos pets, deixando o público com a necessidade de suspender a descrença.
Outro clássico com furos é Enrolados (2010). A animação narra a história de Rapunzel, que é mantida em uma torre por Madre Gothel, que usa seu cabelo mágico para se manter jovem. Por que Gothel não mudou a data de aniversário de Rapunzel para esconder sua identidade como a princesa sequestrada? Essa omissão facilita a descoberta da verdade por Rapunzel, revelando uma falha na lógica da vilã.
Em Zootopia (2016), a convivência entre predadores e presas levanta questões sobre a cadeia alimentar. Como os carnívoros se alimentam em uma sociedade onde é ilegal comer outros animais? O filme ignora essa questão, focando em temas sociais e políticos.
Pocahontas (1995) também apresenta uma inconsistência: como Pocahontas aprende a falar inglês tão rapidamente após interagir com a natureza? O filme prioriza a narrativa romântica e a magia em detrimento do realismo, ignorando a complexidade de aprender uma nova língua. A história, que também é inspirada em eventos reais, toma algumas liberdades criativas para desenvolver o enredo.
Já em A Bela e a Fera (1991), a Sra. Potts, mãe de Zip, também aparece com vários outros bules. O que aconteceu com os outros utensílios de chá após a quebra do feitiço? A animação não esclarece se eles também eram filhos da Sra. Potts, deixando uma dúvida no ar. A adaptação live-action tenta resolver essa questão, indicando que os objetos encantados eram funcionários do castelo.
Toy Story (1995) é outro exemplo. Por que Buzz Lightyear age como um brinquedo quando há humanos por perto, mas afirma não ser um brinquedo? Essa inconsistência é usada para impulsionar o enredo, mas permanece um mistério para os espectadores.
Em A Princesa e o Sapo (2009), Tiana se transforma em sapo ao beijar o príncipe Naveen, enquanto Charlotte, que tecnicamente é uma princesa por um curto período, não sofre o mesmo efeito. A explicação de que a magia do Dr. Facilier não funcionaria após sua morte não é totalmente convincente, pois Naveen e Tiana também deveriam ter voltado à forma humana.
Em A Pequena Sereia (1989), Ariel, que sabe escrever, não usa essa habilidade para explicar sua situação a Eric, preferindo confiar em gestos e mímicas. A versão live-action de 2023 tentou corrigir isso, adicionando uma cláusula ao contrato com Ursula, mas com isso, a trama se tornou mais sombria. Para muitos fãs, seria mais fácil ela ter escrito sobre o acordo.
Em O Rei Leão (1994), Scar não mata Simba quando tem a chance, preferindo enviá-lo para longe com suas hienas. Por que ele não eliminou a ameaça diretamente? A justificativa seria que Scar queria fazer a morte de Mufasa parecer um acidente, mas essa decisão deixou uma brecha para o retorno de Simba.
Por fim, em Cinderela (1950), o sapatinho de cristal não se desfaz à meia-noite, assim como os outros itens mágicos. A possível explicação é que o sapato surgiu do nada, sendo um presente, enquanto os outros itens eram transformações de objetos. Contudo, a lógica mágica flexível da Disney deixa essa dúvida persistir.
Esses furos de roteiro, apesar de serem notados, não diminuem o impacto e o carinho que o público tem por esses filmes, que continuam sendo adorados por fãs de todas as idades.