A inserção de produtos em filmes, conhecida como product placement, pode ser um desafio complexo. É preciso muita criatividade para integrar uma marca de forma natural e orgânica, sem que pareça forçado ou inadequado. Enquanto muitas tentativas falham, algumas produções conseguem fazer isso de maneira brilhante, transformando o que poderia ser apenas um anúncio em um elemento memorável do filme.
Quando um produto aparece em cena e o público entende a razão de sua presença, isso se torna um feito notável. Apesar de gerar desconfiança em alguns espectadores, o product placement bem executado pode surpreender e agregar valor à narrativa.
Um exemplo divertido é em Kingsman: Serviço Secreto (2014), onde o vilão Richmond Valentine, interpretado por Samuel L. Jackson, oferece um jantar ao agente Galahad (Colin Firth) com um cardápio inesperado: McDonald’s. A cena, além de engraçada, demonstra como a marca pode ser usada de forma inteligente no cinema. O McDonald's, aliás, já tem história em filmes, até mesmo com um filme próprio lançado em 1988.
Outro caso emblemático é a parceria entre James Bond e a Aston Martin. O carro, que surgiu pela primeira vez em Goldfinger com o modelo DB5, rapidamente se tornou um símbolo do espião britânico, representando sofisticação e tecnologia. Ao longo de 14 filmes da franquia, a Aston Martin não é apenas um meio de transporte, mas um personagem essencial nas cenas de ação. Essa parceria elevou ambas as marcas, criando uma ligação atemporal com o público.
Já em Josie e as Gatinhas (2001), o product placement é usado de forma satírica, com mais de 70 logotipos e produtos aparecendo de maneira exagerada, criticando a manipulação corporativa e a comercialização da cultura pop. A ironia é que o filme critica as estratégias de marketing que ele mesmo utiliza, transformando a publicidade em um elemento da narrativa.
Em Transformers: A Era da Extinção (2014), a cerveja Bud Light aparece de forma inusitada quando os personagens principais caem em um depósito da bebida. A cena, considerada “tão ruim que é boa”, mostra Mark Wahlberg abrindo uma lata e gritando com um personagem com a bandeira americana ao fundo. Um momento tão aleatório quanto memorável.
A marca White Castle é o foco central de Madrugada Muito Louca (2004), onde a busca pelos famosos hambúrgueres se torna o principal objetivo dos protagonistas. A rede de fast-food não é apenas um cenário, mas a motivação da história, e a parceria entre o filme e a marca foi um sucesso, elevando ambos a um patamar cultural.
Em Zumbilândia (2009), a busca do personagem Tallahassee por um Twinkie torna-se um dos pontos principais da trama, mostrando que, mesmo em um mundo pós-apocalíptico, desejos simples ainda são importantes. Já em E.T. – O Extraterrestre (1982), os Reese’s Pieces são usados para atrair o alienígena, criando um momento fundamental na história e impulsionando as vendas do produto em mais de 65% após o lançamento do filme.
A Nintendo teve um grande destaque em O Gênio do Vídeo Game (1989), onde jogos e produtos da empresa são apresentados durante toda a trama, adicionando um elemento de empolgação ao filme, unindo a paixão por games e cinema. Já Uma Aventura LEGO (2014) transformou os blocos de montar em algo muito além de um brinquedo, com uma história cativante que conquistou o público e elevou a marca LEGO a um novo patamar. Kat Dennings revela que virar um Lego foi o ápice de sua carreira no MCU.
Para finalizar, Quanto Mais Idiota Melhor (1992) criou uma das cenas de product placement mais icônicas da história do cinema, com Wayne e Garth promovendo marcas como Pizza Hut, Doritos e Pepsi de forma sarcástica, ao mesmo tempo em que fingem resistir à comercialização. Uma cena que critica a cultura corporativa no entretenimento com humor e inteligência.
