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Dexter: Pecado Original mergulha nos erros da família Morgan em episódio crucial

Dexter: Pecado Original é transmitida às sextas-feiras no Paramount+ com Showtime e vai ao ar aos domingos, às 22h, no Showtime.

O quinto episódio da primeira temporada de Dexter: Pecado Original, intitulado “F Is for Fuck-up” (F de Fracasso), explora as consequências dos erros cometidos pela família Morgan. O episódio, que já está disponível no Paramount+ com Showtime e estreou no último domingo, dia 5, no Showtime, marca um ponto de virada na série, que começa a encontrar uma voz própria e se distanciar da produção original.

O enredo gira em torno da tentativa desastrosa de Dexter Morgan de matar Mad Dog e da reação de seu pai, Harry, a essa situação. Paralelamente, Harry enfrenta as consequências de suas ações que comprometem o julgamento do caso do assassinato de Levi Reed. Tudo isso se passa em meio às lembranças de Doris Morgan, no primeiro aniversário de sua morte. As tramas se entrelaçam de forma coesa, oferecendo aos fãs de Dexter um conteúdo mais rico e envolvente do que nos episódios anteriores.

Um dos principais problemas de Dexter: Pecado Original desde sua estreia era a falta de originalidade, com a sensação de que os roteiristas repetiam temas e ideias da série original. “F Is for Fuck-up” chega no meio da primeira temporada como o momento ideal para a série prequel ganhar mais personalidade. A trama principal acompanha Dexter em pânico tentando não ser pego após Mad Dog ser morto por um carro. Harry repreende Dexter e o pune como uma criança, enquanto Dexter percebe que seu ego o prejudicou e que ele ainda tem muito a aprender sobre assassinatos.

Harry Morgan (para Dexter): Você deixou um homem quase pelado correr gritando pelas ruas!

O ator Patrick Gibson já havia demonstrado domínio sobre os sorrisos e o senso de humor irônico de Dexter, mas este episódio mostra sua capacidade de interpretar a vulnerabilidade do personagem. A série original, às vezes, se perdia na aura de “cool” de Dexter como um assassino em série, esquecendo de humanizá-lo. Pecado Original vinha repetindo o mesmo erro, mas este episódio, principalmente na cena final em que Dexter fala com Doris em seu túmulo, expõe a confusão e a autoaversão do personagem. A audiência acompanha a reação de Dexter quando o homem que encontrou Mad Dog chora diante de Maria LaGuerta, sentindo-se culpado. O público também ouve Dexter dizer que Doris era a única pessoa que via bondade nele e que não há volta.

Enquanto Harry tenta (sem muito sucesso) colocar Dexter em seu lugar, ele também precisa lidar com seus próprios erros. “F Is for Fuck-up” retoma a cena em que Harry ignorou a namorada de Levi Reed quando ela tentou oferecer um álibi para ele. Durante seu depoimento no julgamento de Reed, a advogada de defesa apresenta a namorada de Reed – agora arrumada para impressionar o juiz e o júri – argumentando que Harry foi negligente ao não levá-la a sério. O juiz encerra o caso imediatamente, colocando Harry em apuros com o personagem do Capitão Spencer, interpretado por Patrick Dempsey, levando-o a perseguir Reed por conta própria. Flashbacks também revelam que Harry traía Doris com Laura Moser na mesma noite em que Doris disse que estava grávida de Debra. A atuação de Christian Slater como o jovem Harry é um destaque, mostrando que ele não é infalível.

A série pode se chamar Dexter, mas Jennifer Carpenter fez de Debra Morgan uma personagem marcante – e Molly Brown parece seguir o mesmo caminho como a jovem Debra em Dexter: Pecado Original. A personagem tem ficado isolada do restante da série por ser uma prequela. “F Is for Fuck-up” aborda esse problema, embora não possa realmente resolvê-lo. Deb tem seu próprio momento emocional no túmulo de Doris, quando Harry e Dexter, envolvidos com seus problemas, não aparecem na visita familiar. Tudo o que ela diz soa como um comentário sobre o tempo de tela de Deb nos primeiros quatro episódios de Original Sin.

Debra Morgan

Há um breve desvio em que Dexter come acidentalmente brownies de maconha feitos por Deb para o time de vôlei, o que leva os dois a ficarem chapados e a compartilharem um momento familiar diferente. Não é tão engraçado quanto Pecado Original pensa que é, mas une Debra e Dexter por um breve período. E quando Deb se aproxima do novo namorado, Gio, é compreensível, mesmo que seja previsível. O arco de Deb até agora se encaixaria em um drama adolescente, com o simbolismo de usar o vestido recatado que sua mãe lhe deu quando ela finalmente dorme com Gio.

Mas há muito pouco que Dexter: Pecado Original possa fazer para torná-la mais relevante sem quebrar o cânone. A atuação de Brown continua tão boa que a audiência se frustra com sua falta de envolvimento nas tramas principais. Pelo menos os roteiristas estão encontrando uma maneira de fazer dessa limitação parte do arco de sua personagem. E ao menos nada que acontece na prequela deve ser tão forçado quanto a paixão romântica de Debra por Dexter na série original.

A situação de Deb é um exemplo de como Dexter: Pecado Original ainda é limitada por sua premissa. O momento em que Dexter revela a Deb que ele é uma pessoa terrível e que cogita matar alguém deveria ser um ponto alto dramático, mas não é, pois os espectadores já sabem que Debra não suspeitará que ele é um assassino em série por um bom tempo. Da mesma forma, a outra grande reviravolta do episódio é Harry acabar na mesa de matança de Dexter, mas isso não gera preocupação real com seu bem-estar, já que os fãs sabem que Dexter nunca matou Harry. As reviravoltas que deveriam ser emocionais, ou até mesmo chocantes, não têm o impacto desejado, pois o público está sempre à frente dos personagens.

Isso significa que Pecado Original precisa encontrar outras maneiras de manter o público engajado. “F Is for Fuck-up” depende muito das atuações de Patrick Gibson, Christian Slater, Molly Brown e, em menor grau, Brittany Allen como Laura Moser – e os atores correspondem. É observar todos eles atingirem novos níveis de emoção e se aprofundarem na bagunça de uma série sobre um assassino em série que torna o episódio 6 assistível. A questão é por quanto tempo eles conseguirão sustentar a prequela. Especialmente com o universo de Dexter se expandindo com não uma, mas duas futuras séries, parece que Original Sin está apenas preenchendo as lacunas. Se a série tiver mais episódios como este que ao menos impulsionem os personagens para a frente, ela conseguirá se destacar.

Dexter: Pecado Original é transmitida às sextas-feiras no Paramount+ com Showtime e vai ao ar aos domingos, às 22h, no Showtime.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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