Episódios de ‘The Big Bang Theory’ envelhecem mal e geram debates
Desde sua estreia em 2007, The Big Bang Theory se consolidou como uma das sitcoms de maior sucesso na história da televisão. Sua popularidade continua a crescer, tanto no streaming quanto com os spin-offs Young Sheldon e Georgie and Mandy’s First Marriage, expandindo o universo da série. No entanto, com a evolução das normas sociais, alguns episódios da série principal têm se destacado por razões problemáticas. Quase duas décadas após sua estreia, alguns desses episódios não envelheceram bem.
A seguir, destacamos sete episódios que se tornaram controversos com o passar dos anos:
“Piloto” (1ª Temporada, Episódio 1)
Neste episódio, Sheldon e Leonard se referem a uma pessoa como “travesti”, termo considerado ultrapassado e ofensivo para pessoas transgênero ou não binárias. Além disso, a identidade do personagem é usada como motivo de ridicularização, o que não é aceitável para o público moderno, mais consciente da importância da representatividade inclusiva.
“A Indeterminação da Costela de Porco” (1ª Temporada, Episódio 5)
Quando Missy, a irmã gêmea de Sheldon, visita, Howard, Leonard e Raj competem por sua atenção de maneira inadequada e desconfortável. Howard, em particular, ultrapassa vários limites com investidas que objetificam Missy, tratando-a como um prêmio a ser conquistado. A série apresenta esse assédio como algo peculiar, quando, na verdade, esse comportamento é extremamente ofensivo.
Além disso, Raj é frequentemente reduzido à sua dificuldade em se socializar com mulheres. Neste episódio, quando Missy diz que ele era o único que tinha chances com ela, Raj não consegue expressar seus verdadeiros sentimentos, a não ser com a ajuda de medicamentos, o que acaba ridicularizando pessoas com ansiedade social.
“O Paradoxo do Bolinho” (1ª Temporada, Episódio 7)
Na primeira cena, Raj, Leonard e Howard tentam usar o comando de voz do celular de Howard para ligar para Leonard. Após várias tentativas sem sucesso, Leonard pede ao celular para ligar para “M’kflono M’kflooniloo” para enganar o aparelho, mas o telefone acaba discando para “Rajesh Koothrapalli”.
Essa cena possui conotações racistas, pois zomba do nome e da cultura de Raj, ridicularizando seu sotaque e nome comprido. Embora o episódio reconheça que isso é humilhante, com Raj afirmando que “é muito impressionante e um pouco racista”, a série continua usando esses estereótipos, inclusive no mesmo episódio, quando Raj é deixado sozinho na cozinha, com a piada sendo a sugestão de que ele é “mais difícil de ver” no escuro.
“O Teorema de Cooper-Nowitzki” (2ª Temporada, Episódio 6)
Sheldon é perseguido por Ramona Nowitzki, uma estudante de pós-graduação retratada como obcecada e desequilibrada em sua paixão por ele. A série explora essa insistência, apresentando-a como uma mulher ambiciosa que usa bajulação e manipulação emocional para se dar bem. Seu comportamento é exagerado a ponto de se tornar caricato, reduzindo-a a uma stalker. Isso reforça a ideia ultrapassada de que mulheres que perseguem seus objetivos de forma agressiva são desagradáveis e “loucas”.
“O Isótopo de Hofstadter” (2ª Temporada, Episódio 20)
Neste episódio, Howard tenta conquistar mulheres em um bar com frases como “Primeiro, deixamos os advogados e os atletas diminuírem o rebanho, e depois vamos atrás dos fracos, velhos e aleijados”. Ele continua com a igualmente problemática “Se você vir uma garota com um cão-guia, ela é minha”.
Esses comentários são totalmente inadequados e degradantes. Outro ponto problemático do episódio é a cena na loja de quadrinhos, onde Stewart tenta flertar com Penny. Embora suas intenções possam ter sido boas, a cena inicial mostra vários homens olhando para ela fixamente, reforçando o estereótipo de que personagens femininas em espaços geeks são anomalias, em vez de serem tratadas como iguais. No geral, a abordagem do episódio em relação às mulheres é problemática e, infelizmente, não é um caso isolado na série.
“A Excitação Lunar” (3ª Temporada, Episódio 23)
Neste episódio, Raj e Howard criam um perfil de relacionamento para Sheldon, introduzindo Amy Farrah Fowler. No entanto, o humor logo se torna às custas de Amy, com piadas que a atacam. Os insultos contra Amy continuam ao longo da série, como na 6ª temporada, quando Raj admite ter tido sentimentos por Bernadette e Penny, mas nunca por ela. Fica claro que os produtores têm suas próprias ideias sobre como a aparência e a personalidade séria de Amy não são tão “aceitáveis” quanto as outras duas protagonistas femininas. Isso não só a torna o alvo das piadas, mas também objetifica as outras personagens.
“A Recorrência Speckerman” (5ª Temporada, Episódio 11)
Leonard reencontra seu antigo valentão do ensino médio, Jimmy Speckerman, que parece tentar fazer as pazes. No entanto, em vez de abordar o sério impacto emocional que o bullying pode causar, a série minimiza o trauma de Leonard e o transforma em uma série de piadas às suas custas. As tentativas de Leonard de confrontar Jimmy são ignoradas, com Jimmy mostrando pouco remorso por suas ações. Embora Leonard finalmente enfrente Jimmy, a história muda o foco para ridicularizá-lo por sua falta de masculinidade, enquanto ele e Sheldon fogem com medo. É um estereótipo ofensivo e inapropriado para muitos que sofreram bullying na vida real.