Muitas séries de televisão de sucesso conseguem equilibrar comentários sociais e políticos, utilizando personagens e situações imperfeitas para transmitir mensagens importantes. Desde sitcoms clássicas como All in the Family (Tudo em Famíla) até produções mais recentes como Black-ish, diversas obras da televisão criam conflitos delicados para contar histórias envolventes.
No entanto, mesmo as melhores séries podem ultrapassar limites, marcando suas trajetórias com episódios que os fãs prefeririam esquecer. Embora essas produções sejam geralmente impecáveis em suas narrativas e no uso de situações desconfortáveis para abordar temas complexos, algumas vezes os criadores falham na escrita, resultando em episódios problemáticos.
Seinfeld, considerada uma das melhores sitcoms de todos os tempos, quase sempre conseguiu manter o equilíbrio entre o que era considerado apropriado nos anos 1990. A série, com seus quatro personagens icônicos – Jerry, Elaine, George e Kramer – fazia o público rir ao acompanhar os narcisistas que se recusavam a aprender com seus erros. Porém, no episódio “The Puerto Rican Day”, da nona temporada, a série cruzou uma linha, incomodando o público com a forma como os personagens porto-riquenhos foram retratados. O episódio foi banido da televisão por muitos anos devido a uma cena em que Kramer acidentalmente incendeia uma bandeira de Porto Rico.
Família Soprano, aclamada como um dos maiores dramas da televisão, sempre mostrou cenas de violência e personagens preconceituosos, mas se esforçava para ilustrar como o estilo de vida dos mafiosos era afetado por seus próprios vícios e ideais de ódio. No entanto, o episódio “Christopher”, da quarta temporada, escrito pelo ator Michael Imperioli, gerou controvérsia ao focar no conflito entre os personagens da máfia e um grupo de nativos americanos que protestavam contra o desfile anual do Dia de Colombo. Embora o episódio tentasse ridicularizar os personagens da máfia, acabou sendo considerado vazio e sem uma mensagem clara sobre Colombo e suas atrocidades. Isso irritou tanto os ítalo-americanos que alguns atores foram banidos do desfile do Dia de Colombo em Nova York.
Outra sitcom que geralmente equilibra conteúdo ofensivo e comentários sociais e políticos é It’s Always Sunny in Philadelphia, que segue as desventuras de um grupo de donos de bar alcoólatras. O primeiro episódio, “The Gang Gets Racist”, no entanto, mostra Charlie tentando fazer amizade com uma pessoa negra depois de ser acusado de racismo, beirando o uso de ofensas raciais.
Antes de criar Rick & Morty, Dan Harmon comandou Community. O episódio “Advanced Dungeons & Dragons”, da segunda temporada, foi retirado dos serviços de streaming devido à representação de um personagem com maquiagem que lembrava blackface.
Brooklyn Nine-Nine, conhecida por seu humor peculiar e personagens cativantes, também teve seus problemas. Em “Casecation”, da sexta temporada, os protagonistas Jake Peralta e Amy Santiago são colocados em uma discussão sobre ter ou não filhos, o que foi visto por alguns fãs como uma crítica a adultos que optam por não ter filhos.
O drama médico de longa duração Grey’s Anatomy é famoso por matar personagens quando os atores decidem deixar a série. No entanto, a saída da personagem favorita dos fãs, Dra. Christina Yang, na décima temporada, deixou a desejar. No episódio “We Are Never Getting Back Together”, Christina viaja para Zurique e recebe uma oferta de emprego de seu mentor e ex-noivo, Dr. Preston Burke. Além de desvalorizar o arco de Christina, a volta do ator Isaiah Washington, que havia sido demitido da série por usar um insulto homofóbico, causou revolta.
The Office, conhecida por seu humor ácido, também teve dificuldades em seus primórdios. O episódio “Diversity Day”, da primeira temporada, mostra o chefe Michael Scott recitando um discurso com ofensas raciais, o que levou o Comedy Central a retirar o episódio de sua grade de programação.
O programa infantil clássico Mister Rogers’ Neighborhood, famoso por abordar temas difíceis de forma compreensível para crianças, também teve seus momentos delicados. A série de cinco episódios “Mister Rogers Talks About Conflict”, criada em resposta a um filme sobre um conflito nuclear, nunca mais foi ao ar por ser considerada muito pesada para o público-alvo.
The West Wing, drama político de Aaron Sorkin, também teve um tropeço ao tentar abordar os ataques de 11 de setembro. O episódio “Isaac and Ishmael” mostra o Chefe de Gabinete da Casa Branca, Leo McGarry, se tornando um investigador islamofóbico, assediando um funcionário muçulmano por ter o mesmo nome de um terrorista suspeito.
Até mesmo Star Trek: The Next Generation, conhecida por abordar temas sociais e políticos, caiu em armadilhas. O episódio “Code of Honor” é considerado o pior da série, com personagens e costumes da espécie Ligoniana sendo interpretados como estereótipos racistas.
Além das séries, o universo cinematográfico da Marvel (MCU) também teve seus momentos problemáticos com as cenas pós-créditos. Algumas dessas cenas, pensadas para gerar expectativa, acabaram decepcionando os fãs.
Thor: O Mundo Sombrio termina com Thor voltando para a Terra e se reconciliando com Jane Foster, mas essa cena, que encerra arcos importantes, foi relegada aos pós-créditos. Em Eternos, a cena pós-créditos com Dane Whitman e a espada mística não foi compreendida por quem não conhece os quadrinhos, e a participação de Blade só tornou a situação mais estranha. Já em Viúva Negra, a cena do túmulo de Natasha Romanoff foi prejudicada pela introdução abrupta de Valentina Allegra de Fontaine e sua divulgação da série do Gavião Arqueiro.
Thor: Amor e Trovão trouxe Zeus e seu filho Hércules, interpretado por Brett Goldstein, em uma cena desnecessária, especialmente após a introdução de outros personagens em cenas pós-créditos anteriores. Em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania, a cena pós-créditos promoveu a segunda temporada de Loki, que não tinha relação com o filme. A cena pós-créditos de Vingadores: Era de Ultron, com Thanos vestindo a Manopla do Infinito, foi considerada repetitiva e desconectada da trama do filme. Em Falcão e o Soldado Invernal, a cena pós-créditos de Sharon Carter só reforçou a falta de desenvolvimento da personagem. Por fim, na cena pós-créditos do curta-metragem da Marvel All Hail the King, Justin Hammer faz uma piada homofóbica sobre seu relacionamento com outro detento.
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