Escala de poder em Naruto: como a controversa progressão de força impactou o anime
Naruto é um dos animes shonen mais debatidos devido à sua escala de poder, que apresentou um crescimento de força absurdo ao longo da série. A evolução dos personagens, que começaram como ninjas comuns e se tornaram verdadeiros deuses, é um ponto central das discussões entre os fãs. Essa progressão inconsistente e sem uma visão clara transformou a ideia original de aldeias shinobi em algo muito além do esperado.
Em muitas histórias, o aumento de poder é um desafio, pois é necessário elevar as apostas para manter o interesse do público. No entanto, se essa progressão for exagerada, os riscos podem superar os benefícios, comprometendo a lógica do sistema de poder. Em Naruto, o shonen levou esse conceito ao extremo, o que, apesar de prejudicar a narrativa, acabou mantendo o anime relevante por mais de uma década após seu término.
O problema da escala de poder em Naruto não é novidade para muitos fãs. Personagens como Naruto Uzumaki e Sasuke Uchiha se tornaram figuras quase divinas no final de Naruto Shippuden, apenas para serem enfraquecidos em Boruto. A questão não é o fato de os personagens ficarem mais fortes, mas a rapidez com que atingiram o ápice de suas habilidades, muitas vezes sem um treinamento adequado, graças a poderes dados ou à natureza exagerada dos dojutsu.
A maioria dos fãs concorda que os dojutsu roubaram a cena na segunda metade de Shippuden. A comparação de como os personagens de Naruto tratam os olhos dojutsu como cartas colecionáveis, trocando-os entre si, diminuiu a importância do Sharingan, ao mesmo tempo em que o transformou em uma das habilidades mais poderosas da série. Isso também reduziu a relevância do treinamento e da habilidade em favor de poderes divinos conferidos por esses olhos especiais. O problema não é o foco no Sharingan ou no Rinnegan, mas o fato de que o aumento de poder só piorou com a centralidade dos dojutsu, especialmente durante a Guerra Ninja.
Naruto e Naruto Shippuden podem ser divididos em relação ao foco no aumento de poder. Enquanto Naruto se concentrou mais na vida dos shinobi e na luta contra o ciclo de ódio, Shippuden ampliou o foco para os níveis de poder individuais e habilidades mais impactantes, elevando as apostas e o visual dos jutsus. Habilidades poderosas podem ser importantes para criar tensão e mostrar o crescimento de um personagem. No entanto, para Naruto, Sasuke e alguns vilões como Kaguya, a escalada de poder acabou prejudicando a narrativa.
A série Boruto pode ser muito diferente da história original de Naruto, mas essa diferença não a torna ruim. O aumento de poder é inevitável em shonen, devido à forma como as narrativas são estruturadas, com personagens principais precisando ficar mais fortes. Mas Naruto levou isso ao extremo, tornando seus personagens tão fortes que muitos argumentam que isso comprometeu as apostas e a credibilidade do anime.
A escala de poder é definida pela comparação da força de múltiplos personagens em cenários hipotéticos. Como muitos personagens de Naruto passaram de genin a shinobi mais poderosos da história, seu potencial e escala aumentaram conforme a narrativa avançava, quebrando as métricas de comparação. A grande variedade de personagens, com níveis de poder que vão do inútil ao divino, torna a escala de poder de Naruto mais complexa do que a de outros animes. As inúmeras técnicas e habilidades, como o Kekkai Genkai ou os poderes do Sharingan, tornam quase impossível comparar certos personagens, já que as possibilidades são infinitas. Além disso, a comparação depende também do período da narrativa.
A complexidade dos jutsus e suas possibilidades levam a debates infinitos sobre cenários e batalhas hipotéticas. Como muitos personagens de Naruto nunca se enfrentaram, os fãs criam comparações e escalas de poder, mantendo o anime relevante mesmo após seu término. De Madara contra Itachi até Sasuke adulto contra Madara Dez-Caudas, há inúmeras possibilidades para os fãs debaterem.
A escala de poder em Naruto continua controversa, mas essa controvérsia tem mantido o anime relevante, superando outros shonen. Os debates sobre as decisões controversas da história, como a falta de desenvolvimento de Ten-Ten ou as ações e redenção de Obito Uchiha, mantêm o interesse dos fãs. Um dos temas mais discutidos, no entanto, continua sendo a escala de poder.
Enquanto a maioria dos shonen é elogiada por seus personagens complexos, mundo bem construído e batalhas envolventes, Naruto se destaca de seus pares em termos de aclamação crítica. Outros shonen podem perder relevância com o tempo, mas Naruto permanece forte, muitas vezes por causa de seus defeitos. A controvérsia e os debates acendem a atenção sobre um assunto e criam discussões acaloradas.
Naruto prospera tanto em seus sucessos quanto em seus defeitos. Veja Boruto, por exemplo. Muitos fãs de Naruto criticam a história da nova geração. As decisões narrativas de tornar Naruto e Sasuke irrelevantes, remover personagens legados da trama e dar poder a Boruto sem treinamento geraram revolta. Essa controvérsia aumentou a popularidade de Boruto e dividiu a base de fãs. O aumento de poder em Naruto prejudicou o sistema de poder, tornando-o complexo e difícil de comparar, e Boruto elevou o nível de dificuldade ao colocar alienígenas como a maior ameaça da trama.
O que faz uma história ser boa ou ruim? Essa é uma questão subjetiva, mas o público costuma saber quando uma narrativa não funciona. Naruto tem mais pontos positivos do que negativos em termos de narrativa, mas o aumento de poder afetou a percepção dos fãs sobre a série. No entanto, essa controvérsia manteve o anime relevante por mais de uma década após seu fim, algo que poucos shonen alcançaram. Além disso, Boruto ajudou a reacender o debate com novas controvérsias.
Naruto é um exemplo do que não fazer e também de como a discussão online pode manter um anime relevante apesar de seus problemas. As falhas de Naruto e Boruto têm contribuído mais para manter a franquia viva do que seus pontos fortes. Embora Naruto mereça sua fama e popularidade, parte desse sucesso se deve à negatividade e às discussões hipotéticas em torno de sua escala de poder.