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Eu Sou a Lenda: final do filme com Will Smith difere do livro e perde essência

Dezessete anos após a estreia de Eu Sou a Lenda, um dos filmes mais populares de Will Smith, a discussão sobre as diferenças entre a adaptação cinematográfica e o livro de Richard Matheson, publicado em 1954, ainda gera debates. O filme, que narra a história de Robert Neville (Smith), um sobrevivente em um mundo pós-apocalíptico habitado por criaturas semelhantes a vampiros, conquistou o público, mas seu final diverge significativamente da obra original, perdendo o ponto central da trama.

No filme, Neville é um virologista do exército que vive isolado enquanto busca a cura para o vírus que transformou humanos em Darkseekers. Após a perda de seu cão, ele é resgatado por outros sobreviventes e, eventualmente, descobre uma forma de tratamento. No entanto, durante um ataque à sua casa, ele se sacrifica para que a cura chegue aos sobreviventes. O final do filme mostra os outros personagens entregando a cura no acampamento, com uma narração que estabelece Neville como um herói cuja ação salvou a humanidade.

O livro de Matheson apresenta um cenário diferente. Neville é o último humano vivo, e suas ações contra os vampiros são brutais. A trama também apresenta uma nova espécie de vampiros, mais humanos e racionais, que veem Neville como uma ameaça. Ao ser capturado, Neville percebe que ele se tornou a lenda temida por esses seres, assim como os vampiros já foram para os humanos. Essa mudança de perspectiva transforma a essência da história.

A alteração do final no filme para um sacrifício heroico de Neville, juntamente com a caracterização dos vampiros como monstros desumanizados, desvirtua a mensagem original sobre perspectiva e o conceito de 'outro'. O final do filme também foi criticado por apresentar temas de sacrifício salvífico, que não estão presentes no livro.

Existe um final alternativo, inicialmente considerado mais fiel ao livro, que mostra Neville percebendo que ele é o monstro para os Darkseekers. Após isso, ele entrega a fêmea que estava utilizando em seus experimentos e busca um novo lar com os outros sobreviventes. Embora essa versão seja mais próxima da obra original, ela ainda não atinge a profundidade da mensagem do livro, que explora a mudança de papéis e a relatividade da percepção. Esse final alternativo é o que será usado como canônico na sequência do filme, que já está em desenvolvimento.

Adaptações cinematográficas raramente são fiéis à obra original, mas é crucial que a essência da história seja mantida. No caso de Eu Sou a Lenda, tanto o final oficial quanto o alternativo não alcançam o objetivo, transformando uma história sobre perspectiva e alteridade em uma narrativa de heroísmo e dominação humana. A esperança é que a sequência traga uma adaptação mais fiel à obra de Richard Matheson.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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