Marvel deve se inspirar em ‘Uncanny X-Men’ de Gail Simone para o cinema
Se a Marvel Studios quer que os X-Men tenham sucesso, precisa se lembrar dos dramas, das relações interpessoais e das histórias envolventes.
Os X-Men estão chegando ao Universo Cinematográfico Marvel (MCU) e, para muitos fãs, essa espera parece interminável. Após alguns deslizes nos filmes da Fox, a expectativa é alta para ver como a Marvel Studios irá lidar com os mutantes, especialmente depois do sucesso de X-Men ’97 e Deadpool & Wolverine.
Contudo, ainda existe uma certa apreensão entre os fãs de quadrinhos sobre a abordagem da Marvel Studios. A solução? Que diretores, roteiristas, atores e toda a equipe envolvida leiam a HQ Uncanny X-Men de Gail Simone e David Marquez.
Um dos pontos mais marcantes dos X-Men sempre foi a dinâmica entre os membros da equipe. Stan Lee e Jack Kirby trouxeram humanidade aos super-heróis, explorando suas vidas pessoais e gerando dramas envolventes. Essa abordagem funcionou muito bem com diversos personagens, permitindo que os leitores se conectassem com a realidade desses seres extraordinários. O sucesso dos X-Men cresceu sob a escrita de Chris Claremont, que elevou a abordagem de Lee e Kirby ao máximo, focando nas pessoas por trás dos uniformes.
Muitos, assim como eu, amam os X-Men porque, ao ler as histórias, sentiam como se fizessem parte de suas vidas. Acompanhavam suas idas ao Harry’s Hideaway, momentos de lazer, treinamentos, conversas na mansão. Os X-Men são mais cativantes quando os criadores conseguem fazer os leitores se sentirem dentro do universo da equipe. Gail Simone entende isso perfeitamente. Enquanto muitas histórias de super-heróis atuais se concentram nos eventos, nos grandes conflitos e nas batalhas épicas, Simone também se lembra que o que realmente amamos nesses personagens é vê-los como pessoas. Suas melhores histórias funcionam porque ela encontra a humanidade em cada personagem e a expõe. É por isso que sua versão de Uncanny X-Men é considerada a melhor HQ dos X-Men da atual iniciativa “From the Ashes”.
A versão de Simone para os X-Men resgata a essência da equipe, sem ser uma cópia do passado. Ao ler, é possível sentir a conexão entre os personagens – Vampira, Gambit, Wolverine, Noturno e Jubileu – como pessoas que se conhecem há anos. A forma como eles se comunicam é familiar, há um afeto genuíno entre eles, além de várias cenas do grupo apenas relaxando e conversando. É disso que os X-Men precisam e é isso que Simone entrega. Mas ela não para por aí.
Assim como os dramas pessoais são importantes, as aventuras dos X-Men também são emocionantes e intensas, e Simone equilibra isso muito bem. Logo na primeira edição, vemos Vampira, Wolverine e Gambit lutando contra um enorme dragão. A equipe também enfrenta uma nova vilã, Sarah Gaunt, que domina Wolverine e Vampira, mostrando o quão perigosa ela é. Paralelamente, Simone constrói a ameaça na Prisão Graymalkin, a antiga Mansão X, semeando os conflitos futuros com forças anti-mutantes.
Além disso, Simone introduz um grupo de jovens mutantes, chamado “Os Renegados”, porque a essência dos X-Men também é treinar uma nova geração. Esses jovens – Calico, Jitter, Deathdream e Ransom – têm poderes e personalidades únicas, e um deles será o “Último”, o mutante final profetizado pelo dragão da primeira edição. Simone desenvolve cada um desses personagens, conectando-os com a equipe principal de forma brilhante. Cada nova edição de Uncanny X-Men me faz sentir como se estivesse lendo as histórias que me fizeram amar os X-Men anos atrás.
O MCU precisa aprender com essa abordagem. Sabemos que o MCU não será totalmente fiel às HQs, mas precisa acertar em alguns pontos. E essa fase de Uncanny X-Men é um guia essencial. O sucesso dos X-Men nos quadrinhos se deve tanto a quem eles são quanto ao que eles fazem. A versão de Simone e Marquez entende isso, e o MCU precisa absorver essa essência.
Se a Marvel Studios quer que os X-Men tenham sucesso, precisa se lembrar dos dramas, das relações interpessoais e das histórias envolventes. Queremos ver a equipe em momentos de calmaria, sentir suas conexões. Os X-Men funcionam quando nos sentimos parte de suas vidas, enquanto enfrentam as loucuras que tornam as histórias de super-heróis tão divertidas. Uncanny X-Men entrega tudo isso, e o MCU deveria levar essa abordagem para as telas.