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O futuro de ‘Senhor dos Anéis’ em risco: franquia precisa se libertar da sombra da trilogia original

A demanda de conteúdo da era do streaming tem desafiado diversas franquias, e O Senhor dos Anéis precisa se reinventar para se manter relevante.

A saga da Terra Média de J.R.R. Tolkien, assim como seus fãs, atravessa gerações. Desde os anos 1950, O Hobbit e a trilogia O Senhor dos Anéis são obras clássicas, com seu legado consolidado pelos filmes de Peter Jackson. Inúmeros Oscars e performances icônicas depois, o universo de Tolkien se tornou uma propriedade intelectual valiosa, um universo cinematográfico para os estúdios explorarem.

No entanto, nem todas as adaptações foram bem-sucedidas. A trilogia O Hobbit, por exemplo, esticou desnecessariamente a história em três filmes. Em seguida, a série O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder, da Amazon, acompanhou a saga de Galadriel contra Sauron, com resultados mistos.

A Guerra dos Rohirrim, animação inspirada em O Senhor dos Anéis, também ficou aquém das expectativas, apesar de sua equipe criativa de peso. O problema principal parece ser que os detentores dos direitos da franquia não conseguem se desvencilhar da trilogia original, o que prejudica novos projetos.

O desempenho financeiro da franquia também tem apresentado resultados cada vez menores. O Retorno do Rei arrecadou US$ 1,14 bilhão mundialmente, um patamar difícil de ser alcançado novamente. Os filmes de O Hobbit demonstraram que replicar o sucesso de Jackson não era possível, e mesmo assim, continua a mesma dependência de personagens e locações já exploradas anteriormente. Críticos apontam para uma fadiga da franquia, mas talvez o problema não seja a Terra-Média em si, mas a repetição da mesma Terra-Média.

A série Os Anéis de Poder também sofreu com a queda de audiência na segunda temporada, com uma redução de 37% em relação à estreia da primeira temporada. A Guerra dos Rohirrim também teve a menor bilheteria da franquia, ajustada pela inflação. O futuro da franquia agora depende do retorno de Andy Serkis em The Hunt for Gollum e da terceira temporada de Os Anéis de Poder.

Enquanto isso, outras franquias têm conseguido encontrar novos caminhos. Star Wars, por exemplo, parece ter se libertado das amarras da saga Skywalker. A série Skeleton Crew trocou as conexões com as três trilogias por uma aventura sobre crianças perdidas no espaço. Já Andor optou por um thriller político, abandonando o misticismo. A Disney, responsável por Star Wars, tem se esforçado para encontrar um equilíbrio, enquanto os projetos da Terra-Média insistem em tratar a trilogia de Peter Jackson como o “precioso” de Gollum, temendo se desviar dela.

A solução para O Senhor dos Anéis não é uma mudança radical na obra de Tolkien, mas sim o oposto: explorar os cantos mais profundos da Terra-Média, confiar que o público que abraçou A Sociedade do Anel pode lidar com histórias sem hobbits ou harfoots. O universo de Tolkien oferece diversas possibilidades. A missão dos Magos Azuis nas Terras do Leste, por exemplo, poderia se tornar um thriller fantástico. O romance de Beren e Lúthien, uma história de amor entre um mortal e uma elfa, traria uma abordagem diferente. Outras opções incluem a queda de Númenor, a Guerra da Ira, as aventuras de Tom Bombadil e a criação de Arda e a rebelião de Melkor.

Apesar dos desafios, o futuro da Terra-Média nas telas parece promissor. The Hunt for Gollum está previsto para 2026 e a Amazon já confirmou mais temporadas de Os Anéis de Poder. A franquia tem a chance de evoluir e manter sua identidade, mas precisa equilibrar nostalgia com inovação. Afinal, as histórias de Tolkien sempre foram sobre a coragem de ir além do familiar, de buscar novas aventuras em caminhos desconhecidos.

A demanda de conteúdo da era do streaming tem desafiado diversas franquias, e O Senhor dos Anéis precisa se reinventar para se manter relevante. A capacidade da franquia em se adaptar determinará se ela continuará sendo um pilar do entretenimento fantástico ou se tornará um exemplo de como a exploração excessiva pode prejudicar uma propriedade intelectual.

Um fato curioso é a conexão entre Christopher Lee, que interpretou Saruman, e a franquia James Bond. Lee era meio-primo de Ian Fleming, o criador de 007. A relação entre os dois era tão boa que Lee interpretou o vilão Scaramanga em 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro. Curiosamente, Lee também foi considerado para o papel de James Bond em 007 Contra o Satânico Dr. No. Há uma teoria de que Lee teria sido a inspiração para a criação do personagem James Bond, mas nada foi confirmado.

A vida de Lee foi além da atuação. Ele foi um multi-linguista, cantor e oficial do serviço secreto, atuando na Segunda Guerra Mundial. Sua atuação como Saruman, um dos antagonistas de O Senhor dos Anéis, é uma das mais memoráveis, com o ator incorporando a maldade e a manipulação do personagem. A paixão de Lee pelas histórias de Tolkien era tanta, que ele chegou a boicotar a estreia de O Retorno do Rei por causa de uma cena cortada. Mesmo assim, ele retornou como Saruman em O Hobbit. Sua vida foi repleta de conquistas, mostrando que ele realmente era um ator excepcional. Talvez ele seja realmente a inspiração para um dos personagens mais populares do cinema.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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