Os desafios de ser fã de Supernatural: controvérsias e problemas da série
Apesar da base de fãs, Supernatural não se tornou uma franquia de sucesso.
Supernatural, a série de fantasia americana de maior duração, conquistou uma legião de fãs ao longo de suas 15 temporadas. Com personagens icônicos como os irmãos Winchester, interpretados por Jensen Ackles e Jared Padalecki, e o anjo Castiel, vivido por Misha Collins, a série marcou época. No entanto, nem tudo foram flores para os fãs, que enfrentaram controvérsias e desafios ao longo da exibição.
Uma das principais polêmicas foi a toxicidade do fandom, impulsionada pelas chamadas "shipping wars". A discussão sobre os relacionamentos amorosos dos personagens, em especial o controverso "Destiel" (Dean e Castiel), gerou debates acalorados e afastou muitos espectadores. As disputas sobre a relação ideal para cada personagem dividiram o público e criaram um ambiente de tensão.
A trama também sofreu com inconsistências na mitologia. Ao longo das temporadas, as regras sobre demônios, anjos e outras criaturas foram alteradas para se adequar à narrativa, gerando confusão e frustração. Demônios possuindo corpos, exorcismos e resíduos de enxofre mudavam conforme a história progredia. Anjos e suas habilidades, como eliminar demônios ou curar mortais, também apresentaram variações inexplicáveis, dependendo do que a trama exigia. Além disso, monstros comuns, como fantasmas e vampiros, tiveram seus poderes e fraquezas alterados sem justificativa consistente.
Outro ponto crítico foi o uso excessivo da falta de comunicação entre os irmãos Winchester. Muitos conflitos da série foram desencadeados pela dificuldade de Sam e Dean em conversar abertamente. A omissão de informações importantes, como Sam bebendo sangue de demônio ou Dean fazendo um pacto com Gadreel, gerou problemas e irritou os espectadores. Para alguns, a falta de comunicação era um recurso necessário para gerar novos conflitos. Para outros, era um recurso repetitivo e pouco convincente, especialmente após tantas consequências negativas.
A falta de originalidade nas últimas temporadas também é um problema apontado pelos fãs. As cinco primeiras temporadas, consideradas a "Era de Ouro" da série, apresentaram histórias criativas e cativantes. Porém, quando a trama começou a se concentrar em anjos, demônios, Lúcifer e Deus, o interesse do público diminuiu. Muitos concordam que os episódios "Monstro da Semana" eram um dos pontos mais fortes da série. O foco excessivo em anjos e demônios resultou em uma menor empolgação por parte dos fãs.
A série também deixou muitas pontas soltas. Personagens como Adam, irmão mais novo dos Winchester, ficou no inferno desde a quinta temporada até o final da série. Alguns arcos de personagens como Jesse Turner, o anticristo com grande poder, também ficaram sem resolução. A trama de personagens como Eileen e monstros como o lobisomem Garth, também ficaram pouco exploradas.
A ressurreição seletiva foi outro aspecto que incomodou os fãs. As mortes perderam o impacto devido às frequentes ressurreições de personagens, especialmente Dean, que morreu mais de cem vezes. A falta de retorno de personagens secundários queridos como Bobby Singer e Charlie Bradbury, que só voltaram como versões de outro universo, também causou frustração. A ressurreição dos protagonistas era justificada pela intervenção divina, o que tirou o valor emocional das cenas.
O fracasso de spin-offs também é um ponto que incomodou os fãs. Apesar da base de fãs, Supernatural não se tornou uma franquia de sucesso. A série derivada, The Winchesters, foi cancelada após uma temporada. Outras tentativas de spin-offs, como Bloodlines e Wayward Sisters, também não foram bem-sucedidas. Apesar do apoio dos fãs, os fracassos sugerem que a série principal seja o único projeto de sucesso neste universo.
A representação diversificada na série foi considerada inadequada por muitos. Personagens negros, como Gordon Walker e Cassie Robinson, tiveram pouco espaço na história. Enquanto personagens brancos como Bobby, Castiel e Crowley, tiveram mais tempo de tela do que outros personagens coadjuvantes. A forma como minorias foram tratadas, como a morte de Charlie Bradbury, afastou muitos espectadores.
O final da série também dividiu opiniões. Embora tenha apresentado um desfecho para Sam e Dean, com a morte de Dean e a vida familiar de Sam, muitos fãs não ficaram satisfeitos. A reunião dos irmãos no céu foi considerada fácil demais, sem um fechamento adequado para personagens como Castiel. A falta de um final que agradasse a todos demonstra o desafio de encerrar uma série tão longa e complexa.
Por fim, a ideia de um reboot da série gera controvérsia. Apesar do desejo de muitos fãs em ver Jensen Ackles e Jared Padalecki novamente como Sam e Dean, um reboot teria que explicar o retorno dos personagens após a morte e também a volta de personagens secundários que morreram. A complexidade de um retorno exigiria que o público suspendesse a descrença e aceitasse a volta dos personagens principais, o que poderia gerar ainda mais controvérsia.