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Produção de animes de longa duração enfrenta desafios, revela produtor de Spy x Family

A indústria de animes, apesar de seu crescimento, enfrenta dificuldades na produção de séries mais longas. Yuichi Fukushima, produtor de Spy x Family, expressou recentemente que produzir animes com mais episódios tem se tornado um grande desafio.

Durante o evento Anime Connect, que contou com a participação de Wakana Okamura (produtora de Your Name, Weathering With You, My Hero Academia e Haikyu!!), Yuichi Fukushima (executivo da CloverWorks e produtor de Spy x Family e Wind Breaker) e Tetsuya Nakatake (cofundador do WIT Studio e produtor de Attack on Titan e Spy x Family), foram discutidas as tendências do setor. Fukushima destacou que a produção de animes com cerca de 24 episódios (duas temporadas) está cada vez mais difícil devido às limitações no planejamento a longo prazo.

Fukushima mencionou que, para 2025, é crucial desenvolver criadores e melhorar o ambiente de produção. Seu objetivo é criar um sistema que permita planejar e produzir obras não apenas para o próximo ano, mas também com vários anos de antecedência. Ele ressaltou que a produção de animes de duas temporadas está se tornando complicada devido a fatores como a queda no nível de habilidade, que leva a um aumento no número de refilmagens, e termos contratuais desfavoráveis, que obrigam as empresas a priorizar a sobrevivência a curto prazo, mesmo que isso signifique ter prejuízos na produção de animes. Dados do Japanese Research Institute (JRI) mostram que os estúdios de anime recebem apenas 10% das receitas geradas pela produção, enquanto o restante vai para detentores de direitos e outros envolvidos em captação de recursos e marketing.

A entrevista também abordou o ponto de virada na indústria que permitiu que muitos filmes ultrapassassem a marca de 10 bilhões de ienes, com Demon Slayer sendo apontado como um dos principais catalisadores. Michiyuki Honma, ex-presidente do Studio Pierrot (responsável por Naruto), também compartilhou uma opinião similar. Já Hiroyasu Matsuoka, CEO da Toho Animation, mencionou My Hero Academia como um marco no aumento do streaming legal no exterior, o que levou plataformas como Netflix e Crunchyroll a pagar taxas de licenciamento mais altas. Isso, por sua vez, permitiu que mais recursos fossem destinados à produção.

Fukushima e Nakatake concordaram que o aumento nos orçamentos de produção possibilitou que os estúdios de anime pagassem taxas de retenção mais elevadas aos criadores. Como a maioria dos animadores trabalha como freelancers ou com contratos de curta duração, eles geralmente estão envolvidos em vários projetos simultaneamente. As taxas de retenção garantem que os criadores se dediquem a um ou poucos projetos em troca de uma remuneração mais alta e confiável.

Sobre as taxas de licenciamento, Okamura afirmou que elas estão aumentando e que, há cerca de sete ou oito anos, o valor pago já era suficiente para cobrir os custos de produção de uma série. Ela também enfatizou a importância de que as equipes de produção saibam o valor mínimo garantido ou os pagamentos adiantados que podem obter. A Crunchyroll é conhecida por pagar um valor mínimo e adicionar royalties posteriormente, enquanto a Netflix costuma pagar valores predeterminados antecipadamente. Essa última prática foi criticada pela Associação de Animações Japonesas (AJA) em um relatório recente.

A entrevista também destacou a JOEN, empresa de planejamento e produção de animes fundada em 2022 por Fukushima (CloverWorks) e Nakatake (WIT Studio). A JOEN, que conta com o apoio da Aniplex e da Shueisha, busca aumentar os retornos para a equipe de produção, garantindo seu envolvimento em todo o processo, e não apenas como prestadores de serviço. Segundo Fukushima, "Para devolver o dinheiro aos criadores, primeiro precisamos criar um sistema". A empresa tem apresentado resultados positivos, com lucros de 16 milhões de ienes no final do ano fiscal de 2023-24.

A associação de animes NAFCA defendeu outra forma de garantir que os recursos financeiros retornem às pessoas envolvidas na produção: um percentual mínimo obrigatório dos direitos autorais de uma obra concedido ao estúdio de anime. Muitos estúdios não têm meios de investir e, portanto, não podem assumir riscos financeiros, o que torna essa proposta controversa. Estúdios como o MAPPA são exceção, pois autofinanciaram Chainsaw Man e Campfire Cooking in Another World with My Absurd Skill, além de estarem envolvidos na venda de animes no exterior. Makoto Kimura, ex-produtor do MAPPA (Chainsaw Man), explicou a abordagem da empresa para melhorar sua autossuficiência.

A NAFCA também ressaltou a importância da intervenção governamental para garantir a sustentabilidade dos profissionais de anime. Isso requer dados precisos fornecidos ao governo, um tema que voltou a ser discutido recentemente. A NAFCA contestou publicamente algumas conclusões da AJA sobre a gravidade das horas de trabalho e dos níveis salariais, afirmando que o salário médio de um animador estava abaixo do salário mínimo de Tóquio. A NAFCA também questionou as alegações da AJA sobre melhorias nos salários dos profissionais de anime.

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Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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