Filmes

Reboots e reviravoltas: o que 2024 ensinou aos filmes de super-heróis

O ano de 2024 trouxe diversas lições para o gênero de filmes de super-heróis. Apesar de alguns sucessos pontuais, tanto o Universo Cinematográfico Marvel (MCU) quanto o Universo Estendido DC (DCEU) enfrentaram dificuldades. No entanto, há esperança de que 2025 marque uma virada, já que 2024 foi um ano de aprendizado para o gênero.

Após várias decepções, o público reduziu suas expectativas. A questão que fica é: arriscar seria o caminho certo? Quais limites podem ser ultrapassados em decisões ousadas? E será que ouvir os fãs é a única solução? Apesar das críticas negativas, alguns acertos mostram que o cenário não é totalmente desanimador.

Gigantes do entretenimento realizaram mudanças significativas, percebendo a necessidade de reiniciar seus universos. A DC Studios, sob a liderança de James Gunn, está prestes a iniciar uma nova fase, mais organizada e aguardada. Enquanto isso, a Marvel Studios busca simplificar o multiverso para criar um novo cenário para produções promissoras. Mas para chegar a esse ponto, foi necessário passar por várias tentativas e erros. O que se vê agora é um renascimento das adaptações de quadrinhos.

A Sony, responsável pelo universo do Homem-Aranha, teve um ano complicado. Apesar das oportunidades de criar filmes sólidos e preparar o terreno para o quarto filme do herói, a empresa acumulou fracassos. Com o anúncio das Fases 6 e 7 do MCU e a exploração contínua do multiverso, era esperado que a Sony tivesse mais cuidado com suas produções. Após uma série de resultados ruins, incluindo Kraven, o Caçador, que teve a pior bilheteria, ficou claro que o universo da Sony pode não funcionar sem o Homem-Aranha. A falta de uma visão coesa e de longo prazo, além da integração ineficaz, foram fatores cruciais para os problemas. O erro foi excluir o Homem-Aranha de seu próprio universo, especialmente em produções derivadas.

A trilogia Venom obteve os melhores resultados entre os projetos da Sony, mas não foi suficiente para salvar todos os esforços da empresa. A colaboração com a Marvel Studios permitiu que o Homem-Aranha participasse de seus filmes, mas a decisão de excluí-lo de seus próprios spin-offs foi uma estratégia mal pensada. Além disso, a tentativa de construir um universo paralelo ao MCU não foi bem recebida. No fim, o universo derivado teve que ser cancelado.

Enquanto a DC Studios optou por frear e recalcular sua rota, a Marvel Studios decidiu seguir com seu planejamento de séries, o que acabou sendo uma decisão mais acertada ao focar em Echo, X-Men ’97 e Agatha All Along ao longo do ano. Nos cinemas, a pandemia e outros fatores externos causaram dificuldades após Vingadores: Ultimato. Demorou, mas a Marvel parece ter encontrado a fórmula certa para retomar o sucesso. A grande cartada da Marvel Studios para fechar o ano com chave de ouro foi Deadpool & Wolverine, um filme que quebrou recordes e provou que o MCU ainda pode entregar grandes produções. O filme foi um sucesso de crítica e público, arrecadando mais de US$ 1,3 bilhão mundialmente e se consagrando entre os filmes mais assistidos da história. O sucesso de Deadpool e Wolverine destaca que o trabalho em equipe e crossovers são elementos-chave para o impacto, mostrando que o “fan service” realmente funciona.

O filme Coringa, indicado ao Oscar em 2019 e vencedor em duas categorias, incluindo Melhor Ator, tornou-se um dos mais comentados e lucrativos. No entanto, o anúncio de uma sequência dividiu opiniões, especialmente quando foi revelado que seria um musical. Coringa: Delírio a Dois arrecadou US$ 58 milhões nos Estados Unidos e US$ 200 milhões mundialmente, mas precisava de US$ 450 milhões para se pagar. A atuação de Joaquin Phoenix foi elogiada, mas o roteiro não agradou. A adição de músicas não funcionou, e o filme acabou se tornando uma piada de mau gosto para o público. A lição é que misturar gêneros tão distintos como musicais e quadrinhos não funciona.

Os recordes estabelecidos por Deadpool & Wolverine impressionam, já que o filme se tornou o mais assistido para maiores de idade na história do cinema. Ryan Reynolds teve papel fundamental neste sucesso, já que nunca desistiu do personagem e entendeu o que faltava no gênero de super-heróis atual. A química entre ele e Hugh Jackman também foi um destaque, com o humor irreverente de Deadpool e a seriedade de Wolverine criando um equilíbrio que agradou aos fãs antigos e novos. Deadpool & Wolverine provou que os personagens da Fox, como Blade, Elektra e Gambit, ainda podem ser resgatados com dignidade e que a suposta saturação de filmes de super-heróis não é real. A liberdade criativa no roteiro agradou aos fãs, mostrando que focar na qualidade de cada filme individual ainda funciona. Além disso, um marketing inteligente e criativo foi fundamental para atrair o público aos cinemas.

O ano de 2024 foi um aprendizado para o gênero de super-heróis, mostrando que é preciso equilibrar inovação com expectativas do público. A nostalgia, quando usada corretamente, continua sendo uma ferramenta poderosa, e personagens mais antigos ainda têm um lugar especial no coração dos fãs. No entanto, é preciso ter qualidade narrativa e consistência com o universo. É importante respeitar a conexão emocional que os fãs têm com os personagens principais, e o foco na história de vilões não funciona quando o público sente falta dos heróis. A necessidade de planejamento a longo prazo e organização também foi reforçada. O objetivo final é oferecer um futuro promissor que atenda às expectativas de fãs de todas as gerações. O público não desistiu do gênero, apenas espera algo que valha a pena. Talvez 2025 seja o grande ano.

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: [email protected]

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