Sucesso de ‘O Pinguim’ e ‘Comando das Criaturas’ indica nova direção para a DC

Após dificuldades em alcançar o sucesso consistente da Marvel Studios, a DC parece ter encontrado um novo caminho. Enquanto a Marvel enfrenta desafios recentes, como a bilheteria decepcionante de The Marvels e a recepção crítica negativa de Invasão Secreta, a DC Studios emplacou dois sucessos consecutivos que sugerem que a nova abordagem de James Gunn e Peter Safran pode funcionar onde tentativas anteriores falharam.

O triunfo crítico e comercial de O Pinguim e Comando das Criaturas prova que a qualidade da narrativa, em vez da interconectividade forçada, é a chave para construir um universo cinematográfico sustentável.

A nova fase da DC surge após o cancelamento do Universo Estendido DC (DCEU) em 2022, devido a resultados decrescentes e decisões criativas equivocadas. Muitos se perguntavam se a DC seria capaz de desafiar o domínio da Marvel. No entanto, ao aprender com erros passados e adotar uma nova filosofia, a DC Studios está criando histórias que não apenas igualam as melhores produções da Marvel, mas podem superá-las.

O Pinguim representa tudo que o DCEU errou e que a DC Studios está acertando. Em vez de apresentar personagens apressadamente ou criar conexões para futuros crossovers, a série explora o submundo do crime de Gotham City através de Oswald Cobblepot, interpretado por Colin Farrell. Cada episódio revela camadas da psicologia do personagem enquanto cria tensão por meio de narrativas bem construídas.

Essa abordagem metódica ressoou com o público. A estreia de O Pinguim atraiu 5,3 milhões de espectadores, superando sucessos recentes da HBO como Succession. O que impressiona é o aumento da audiência a cada episódio, mostrando que o público se mantém engajado quando os personagens têm espaço para evoluir naturalmente.

Além disso, a série é um spin-off de The Batman, de Matt Reeves. A produção ocorreu de forma orgânica, com mentes criativas dispostas a concretizá-la. Em vez de forçar uma série para o cronograma cinematográfico, a DC Studios permitiu que Reeves e a showrunner Lauren LeFranc desenvolvessem o que lhes interessava.

A vitória de Colin Farrell no Globo de Ouro valida a nova estratégia da DC para filmes e séries. Ao priorizar o desenvolvimento de personagens e a profundidade emocional em vez do espetáculo, O Pinguim alcançou algo que nem as séries mais aclamadas da Marvel no Disney+ conseguiram: reconhecimento em premiações importantes. As indicações adicionais da série para Melhor Série Limitada de Televisão e a atuação de Cristin Milioti como Sofia Falcone demonstram que o conteúdo de super-heróis pode transcender as limitações do gênero quando os criadores têm liberdade para contar as histórias que desejam.

Se O Pinguim mostrou que a DC pode se destacar com personagens estabelecidos por meio da iniciativa Elseworlds, Comando das Criaturas prova que a mesma mágica pode ser feita com propriedades obscuras. A série animada, que acompanha uma equipe de operações secretas formada por monstros e párias, tinha tudo para fracassar. Animações costumam atrair um público menor, especialmente quando são voltadas para adultos. Além disso, O Pinguim surgiu na esteira de Batman, o personagem mais lucrativo da DC, enquanto os membros do Comando das Criaturas são desconhecidos. No entanto, a série se tornou uma das adaptações da DC com as melhores avaliações, construindo seu público por meio do boca a boca.

O sucesso da série é significativo por marcar o início do Universo DC de James Gunn. Ao contrário de tentativas anteriores de seguir a fórmula da Marvel, Comando das Criaturas trilha seu próprio caminho, abraçando elementos de estranheza e terror que a diferenciam das produções de super-heróis. A série não se preocupa em como se conectará com o tom supostamente familiar de Superman (2025), focando em contar uma história que se encaixa nos personagens peculiares que a lideram.

Embora a Marvel ainda domine as bilheterias, projetos recentes têm sido inconsistentes devido à fadiga criativa do MCU. O compromisso rígido do estúdio com a interconectividade muitas vezes prejudica histórias individuais, com séries e filmes exigindo cada vez mais “lição de casa” para serem apreciados. A Marvel, inclusive, teve um sucesso inesperado com Agatha All Along, uma história quase independente de baixo orçamento. Isso, combinado com o sucesso da DC Studios com narrativas mais focadas em personagens, sugere que pode haver outro caminho para as produções de super-heróis.

O sucesso de Comando das Criaturas e O Pinguim surge quando Gunn se prepara para lançar o cronograma de filmes do Universo DC com Superman em julho de 2025. Essas séries fornecem um modelo para o sucesso. Gunn e sua equipe mostraram que a fadiga de super-heróis não é inevitável, ao priorizar narrativas contidas em vez de ambições de projetos múltiplos e abraçar o que torna os personagens da DC distintos. Isso mostra que o público não se cansou do gênero, mas se tornou mais exigente em relação à qualidade. À medida que a DC Studios busca alcançar a coroa da Marvel, o MCU será forçado a se adaptar e repensar sua estratégia, o que é ótimo para os fãs.

A história mostra que a forte competição entre DC e Marvel beneficia os fãs. Quando Batman: O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, elevou o nível dos filmes de super-heróis, a Marvel respondeu com projetos cada vez mais ambiciosos, que culminaram no sucesso da Saga do Infinito. Da mesma forma, o domínio da Marvel nas narrativas de universo compartilhado forçou a DC a inovar, levando ao atual renascimento sob a DC Studios.

Essa rivalidade saudável entre DC e Marvel promete impulsionar ambos os estúdios a novos patamares criativos. Enquanto eles se desafiam a inovar e melhorar, os fãs podem esperar histórias mais sofisticadas e envolventes de ambos os universos. Os verdadeiros vencedores nessa competição serão os espectadores, que finalmente terão o melhor de ambos os mundos.

O Pinguim e Comando das Criaturas estão disponíveis para streaming na MAX.