The Agency: sexto episódio da primeira temporada aposta em drama e questionamentos sobre espionagem
O sexto episódio da primeira temporada de The Agency, intitulado “Spy for Sale”, disponível na Paramount+ com Showtime, e exibido na sexta-feira, 27 de dezembro, na Showtime, mergulha fundo no drama pessoal de Martian, deixando de lado um pouco a ação frenética de espionagem. Após os eventos do episódio anterior, “Rat Trap”, Martian se vê em uma situação delicada, com sua filha Poppy conhecendo um estudante estrangeiro especialista em táticas de combate, e Danny tendo momentos tensos com Naomi envolvendo armas de fogo. Para completar o cenário, a inteligência britânica começa a fazer perguntas incômodas e Osman revela detalhes do passado de Paul Lewis, criando um clima de tensão para todos os envolvidos, inclusive o público.
A série, criada por Jez e John-Henry Butterworth, continua a explorar temas como a identidade, usando como pano de fundo a cidade de Londres, com seus pontos turísticos famosos. A trama, com nuances da Guerra Fria, acompanha um anti-herói incapaz de criar laços emocionais, o que acaba por limitar tanto o personagem quanto a experiência do espectador. O episódio se concentra em Martian, um homem que se perdeu na política com boas intenções, mas acabou sendo engolido por um sistema corrupto. As perseguições clandestinas que tomam tempo de tela servem como distração, pois o foco principal é um homem com múltiplos documentos falsos e identidades, mas que nunca consegue se conectar com ninguém. Sua situação se complica ao ter seu nome listado no eBay, reduzindo-o a uma mercadoria, e também quando pessoas importantes para ele são ameaçadas.
Essa pressão emocional leva Martian a um ponto de ruptura, e ele encontra conforto em um diálogo com o General Novikov, um russo também exausto por tantas identidades falsas. Em um diálogo revelador, Novikov aconselha Martian a abandonar o jogo da espionagem, afirmando que este é um mundo para fantasmas. As cenas entre Martian e Novikov revelam informações cruciais sobre os principais jogadores da Cortina de Ferro, incluindo ex-membros da KGB e seus correspondentes da FSB. Marek Vasut entrega uma atuação convincente como o General Novikov, um diplomata do bloco oriental que vivenciou o mundo da espionagem por tempo demais. Essas cenas trazem um contexto histórico e um comentário social para a série.
O episódio “Spy for Sale”, no entanto, parece estagnar, alternando entre locais secretos. Danny tem apenas alguns momentos com Naomi, antes da ação retornar à embaixada. Owen fica encarregado de cuidar de generais russos, enquanto Sami tenta escapar de seus acompanhantes sem sucesso. Quem esperava por mais ação no estilo CIA pode se decepcionar. A série parece estar se transformando em um thriller geopolítico denso, o que pode desagradar alguns espectadores, mas ainda mantém potencial para uma segunda temporada.
O sexto episódio tem um tom antiquado, remetendo a uma época em que as informações eram trocadas em envelopes em cafés. O General Novikov, com suas memórias daquela época, é um personagem crucial, um intermediário sem intenções de impressionar, e que enxerga em Martian alguém que merece ser salvo. O drama surge, principalmente, da relação entre esses dois homens, desgastados pela burocracia, mas incapazes de viver em outro ambiente. O restante do episódio parece ser apenas um pano de fundo para destacar essa discussão sobre a relevância da espionagem no mundo moderno, onde manter segredos é quase impossível.
Na embaixada, a tensão entre Bosko e Henry Ogletree reflete uma visão de mundo similar. A pressão de seus superiores em Washington está exaurindo Bosko, enquanto Henry passa pouco tempo com Naomi e Owen debatendo os próximos passos. Nesse ponto, The Agency perde ritmo, sem conseguir equilibrar o drama com cenas de ação. Pode ser que a série esteja se transformando em algo mais denso do que se esperava.
O sucesso de séries como House of Cards, The West Wing e The Newsroom se deve à identificação do público com os personagens. Em The Agency, apesar da boa atuação de Michael Fassbender, não há um personagem com o qual o público consiga se conectar totalmente. O episódio 6 não oferece tempo suficiente para explorar as emoções dos personagens, o que acaba tornando a narrativa arrastada em alguns momentos. Mesmo com seus defeitos, a série ainda possui potencial, com um elenco excelente, incluindo Marek Vasut e Hugh Bonneville, que interpreta o agente do MI6, John Richardson. No entanto, grande parte do tempo de tela é ocupada por personagens secundários que mal tiveram tempo de se desenvolver. O público anseia por cenas na Ucrânia, onde os agentes estão lutando por suas vidas. A série parece estar se perdendo em encontros secretos e reuniões remotas, o que acaba prejudicando o drama.
Será que os roteiristas estão guardando algum golpe de mestre para reacender a série? A introdução de um agente duplo na equipe da embaixada, ou uma reviravolta na história de Sami, poderia ser uma alternativa para dar um novo gás à trama. O sexto episódio, apesar das boas atuações e intenções, acaba tropeçando em vários aspectos importantes.
The Agency é transmitida às sextas-feiras na Paramount+ e exibida aos domingos, às 21h, na Showtime.
O episódio 6, “Spy for Sale”, mostra a chegada de Richardson no Fishbowl, que pega Henry de surpresa. Martian tenta desvendar o jogo de Cossack enquanto as apostas aumentam. Naomi, descobrindo um segredo, alerta Danny. E Sami não consegue contato com Martian.