Desde que produziu a versão brasileira de “Carrossel”, o SBT vem produzindo, de forma ininterrupta, telenovelas infantis, um filão que, até então, era pouco explorado pela televisão brasileira. A novidade, obviamente, deu bons resultados, durante muitos anos, a emissora segurou a vice-liderança no horário, chegando a se aproximar dos 20 pontos de audiência.
Porém, tudo que é feito em excesso, obviamente, desgasta. E é este o grande problema da televisão brasileira: quando um produto faz sucesso, as emissoras sugam até a última gota. Exemplos não faltam: a TV Globo desgastou o “The Voice”, apresentando três versões por ano; a Record saturou as novelas bíblicas; a Band enfrenta uma queda de audiência gigante com seu “Master Chef”, que já chegou a liderar na audiência. E o SBT usou e abusou das novelas infantis, algumas ficando anos no ar.
“A Caverna Encantada”, em cartaz, sofre para dar mais de 4 pontos na audiência e vem apanhando, diariamente, da enlatada novela turca da Record: “Força de Mulher”. Tal situação acendeu o alerta vermelho na emissora da Via Anhanguera, que já pensa em descontinuar o horário.
A primeira ação da emissora é tentar exibir, em TV aberta, a primeira telenovela da MAX: “Beleza Fatal”, que estreará na próxima segunda, dia 27, no serviço de streaming. A telenovela, recheada de atores globais, chamou a atenção da emissora fundada por Silvio Santos. A emissora exibiria uma novela com nomes como Camila Pitanga, Camila Queiroz, Giovana Antonelli, Vanessa Giacomo, Marcelo Serrado, Caio Blat e Herson Capri, sem precisar pagar os salários destes atores.
Com essa grife, caso a novela faça sucesso, o SBT pretende voltar a produzir suas próprias novelas adultas. O problema? A falta de criatividade da emissora. Há 13 anos, quando abriu o horário infantil, a sua principal autora é Iris Abravanel, viúva de Silvio Santos, que, com exceção de “Carinha de Anjo”, escreveu todas as outras tramas infantis. A autora também foi responsável por “Corações Feridos”, versão brasileira do clássico mexicano “A Mentira”, porém a novela passou despercebida.
O SBT precisa sair do seio de sua família e olhar para o mercado. Nos últimos anos a Globo dispensou vários de seus autores, como Elizabeth Jhin, Joao Ximenes Braga, Angela Chaves, Carlos Lombardi, Antonio Calmon, Silvio de Abreu, dentre outros, que poderiam produzir tramas clássicas e iniciar uma nova era na emissora paulista.
Boninho, recém-saído da Globo, tem o interesse de produzir novelas em sociedade com a emissora. Boninho é filho de Boni, grande mestre da televisão brasileira que implantou o chamado “Padrão Globo de Qualidade”, então, quem sabe, o diretor, agora produtor, pode fazer pelo SBT o que seu pai fez pela Globo!
Por ora, ainda não há qualquer expectativa para o fim de “A Caverna Encantada” e a exibição das novelas da MAX ou de produções próprias. Mas só de pensar em encerrar essas produções infantis, já é um grande passo!
Alô, Dona Record, vamos encerrar essas produções bíblicas também?
Em tempo, atualizado às 19:53: SBT informou, através de uma nota à imprensa, que não encerrará seu horário de telenovelas infantis. A emissora já planeja a sua próxima novela do horário. Informou, ainda, que, a despeito da baixa audiência de “A Caverna Encantada”, que a novela é um sucesso comercial e que não gera prejuízos ao canal. Então tá!!