Mais um ano termina e, obviamente, chega o momento de apontarmos o que funcionou, ou não funcionou, na nossa teledramaturgia. As escolhas abaixo foram feitas por este colunista que vos fala.
REVELAÇÃO DO ANO: Duda Santos por “Renascer” e “Garota do Momento” (Rede Globo)
Assim como ocorreu em 1993, a revelação do ano é uma atriz que interpretou Maria Santa, em “Renascer”. Parece que interpretar uma personagem que remete à Nossa Senhora, dá sorte. Assim como ocorreu em 93, a atriz saiu da trama para interpretar a protagonista da novela das 6 seguinte.
Duda Santos se mostrou segura ao interpretar uma personagem emblemática na novela das nove e mostrou essa mesma segurança em fazer uma heroína em “Garota do Momento”. Com um carisma único, emendou dois sucessos e deverá entrar, definitivamente, para o hall de protagonistas da Globo.
Menção honrosa: Tulio Starling por “No Rancho Fundo” (Rede Globo)
MELHOR DIREÇÃO: Natália Grimberg por “Garota do Momento” (Rede Globo)
“Garota do Momento” trouxe, de volta à televisão, todo o glamour das produções de época da TV Globo. A novela apresenta uma belíssima reconstituição da década de 50 e o trabalho de Natália é irrepreensível, fazendo com que todos os atores estejam bem em cena.
Menção honrosa: Maurício Farias por “Pedaço de Mim” (Netflix)
MELHOR ELENCO: “Garota do Momento” (Rede Globo)
Durante muitos anos, o melhor elenco da TV Globo era direcionado para as novelas das 8/9, o principal e mais caro produto da casa. Em 2024, porém, a emissora renunciou a isso. “Renascer” e, principalmente, “Mania de Você”, trouxeram um elenco desconhecido e/ou inexperiente e as críticas vieram de todos os lados. Percebendo o erro, a emissora abriu os cofres e trouxe medalhões para as atuais novelas das seis e das sete.
“Garota do Momento” se destaca, em relação à “Volta por Cima”, por trazer, em seu elenco, veteranos da nossa televisão, como: Lília Cabral, Fábio Assunção, Palomma Duarte, Dalton Mello, Carol Castro, Letícia Colin, Eduardo Sterblitch, Klara Castanho, Ícaro Silva e Solange Couto. Por incrível que pareça, a novela das seis, a menos importante da emissora, teve o melhor elenco do ano.
Menção honrosa: “Volta por Cima” (Rede Globo)
MELHOR ATRIZ DE SÉRIE: Belize Pombal por “Justiça 2” (Globoplay)
A segunda temporada de “Justiça” pode não ter causado o mesmo impacto que a primeira, mas nos brindou com fortes interpretações femininas, como de Belize Pombal, que deu um show interpretando Geiza Lima, que é presa ao matar o traficante da comunidade em que mora no Distrito Federal.
Menção honrosa: Alice Wegmann por “Justiça 2” (Globoplay)
MELHOR ATOR DE SÉRIE: Gabriel Leone por “Senna” (Netflix)
Gabriel Leone, sem dúvidas, é um dos melhores atores de sua geração, trazendo, sempre, grandes interpretações para as personagens que vive. “Senna” pode não ter agradado o mercado nacional, pois foi uma série criada para penetrar o mercado internacional, mas é inegável que o ator deu um show.
Menção honrosa: Juan Paiva por “Justiça 2” (Globoplay)
MELHOR SÉRIE: “Os Quatro da Candelária” (Netflix)
Não foi a série mais comentada do ano e até passou despercebida pela crítica. Porém, quem teve a sorte de acompanhar essa minissérie de 4 capítulos, sabe da potência da história e da grande produção realizada pela Netflix. A série conta a história de 4 crianças nas 36 horas que antecedem uma das chacinas mais terríveis e conhecidas do Brasil: a chacina da Candelária, no centro do Rio de Janeiro. Vale a pena assistir.
Menção honrosa: “Justiça 2” (Globoplay)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE: Edvana Carvalho por “Renascer” (Rede Globo)
O ano, sem dúvida, foi dela. Revivendo o papel de uma das maiores atrizes brasileiras, Chica Xavier, Edvana Carvalho deu um show vivendo sua Inácia, o porto seguro da família Inocêncio. A personagem, sempre com muita sabedoria, introduziu, no cotidiano brasileiro, toda a fé das religiões de matriz africana e sem despertar qualquer polêmica, num país cada vez mais conservador e intolerante. Espera-se que, ao contrário do que aconteceu com Chica Xavier, a Globo valorize essa atriz.
Menção honrosa: Palomma Duarte por “Pedaço de Mim” (Neflix) e “Garota do Momento” (Rede Globo)
MELHOR ATOR COADJUVANTE: Vladimir Brichta por “Renascer” (Rede Globo) e “Pedaço de Mim” (Netflix)
Somente um grande ator como o Vladimir seria capaz de fazer dois grandes vilões, em duas novelas de empresas diferentes e, ainda assim, diferente um do outro. Em “Renascer”, o ator viveu o ardiloso Coronel Egídio Coutinho, um homem que, em busca de vingança, armou diversas situações, inclusive um assassinato, na família dos Inocêncios. Já em “Pedaço de Mim”, o ator deu vida a Tomás Rosenthal, um homem que surta ao descobrir que um dos filhos gêmeos de sua mulher, não é seu filho biológico, o canalha chega a virar um religioso hipócrita, como tantos, e passa a expor a vida de sua família. Odiado em dobro pelo público.
Menção honrosa: Matheus Nachtergaele por “Renascer” (Rede Globo)
MELHOR ATRIZ: Andréa Beltrão por “No Rancho Fundo” (Rede Globo)
Figura não muito comum em novelas, Andréa Beltrão voltou ao segmento em 2021, com “Um Lugar ao Sol”, após 20 anos de sua última novela: “As Filhas da Mãe”. Na trama de Lícia Manzo, a atriz deu um show com sua Rebeca e logo foi chamada para protagonizar “No Rancho Fundo” de Mário Teixeira. Bom, como era de se esperar, Beltrão deu um show. Atriz multifacetada, não demorou para encontrar o tom de sua Zefa Leonel.
Menção honrosa: Juliana Paes por “Pedaço de Mim” (Netflix)
MELHOR ATOR: Juan Paiva por “Renascer” (Rede Globo)
Um dos melhores atores de sua geração, Juan Paiva teve a dura missão de reviver João Pedro, o protagonista rejeitado pelo pai. Um papel dificílimo, mas que o ator tirou de letra. Nas redes sociais, inclusive brincam que está na hora da emissora oferecer, ao ator, um personagem leve, depois de tantos outros, extremamente, dramáticos. Isso já poderá acontecer na próxima novela das sete, o ator está praticamente acertado para ser o protagonista masculino da trama.
Menção honrosa: Chay Suede por “Mania de Você” (Rede Globo)
MELHOR NOVELA: “Pedaço de Mim” (Netflix)
A gigante do streaming, Netflix, bem que tentou vender “Pedaço de Mim” como um melodrama e não como uma telenovela. Porém, no nosso país, quem determina o como se chama tal produto, é o povo. E todo mundo resolveu que “Pedaço de Mim” é sim uma telenovela e, portanto, merece todos as benevolências por isso. Um dramalhão irresistível, escrito por Angela Chaves. Num momento que a Rede Globo voltou a apresentar novelas com quase 200 capítulos, testando a paciência do telespectador, “Pedaço de Mim” comprova que uma novela curta e sem barriga é tudo que o público procura. O sucesso da trama, que ficou em primeiro lugar em vários países que são apaixonados por novelas, como México, Argentina, Chile, Uruguai, Portugal, dentre outros, mostra que tem mercado para isso. Espera-se que a Netflix produza novas novelas e que os outros serviços de streaming continuem investindo em tramas enxutas. No próximo ano, ao menos, três novelas já estão garantidas no streaming e a boa notícia? Todas com menos de 50 capítulos.
Menção honrosa: “Garota do Momento” (Rede Globo).
E assim se foi 2024. Na próxima semana, nesta coluna, irei falar de todas as novelas previstas para 2025 e as expectativas sobre cada uma delas. Boa virada! E até 2025!