Já tem alguns anos que a Globo, principal emissora do país, não tem mais metas de audiência definidas para sua programação, seja programas, telejornais, filmes e, principalmente, as telenovelas. As outras emissoras nunca assumiram, abertamente, a meta de audiência para seus programas, como não estão na liderança, elas buscam, ao menos, manterem a atual posição em que se encontram.
Após o efeito da pandemia, em que a audiência, como um todo explodiu, por causa do isolamento social, os números nunca mais voltaram a serem os mesmos de 5 anos atrás.
A sonhada meta dos 30 pontos, para o horário das 21, parece cada vez mais distante e difícil de imaginar que será atingida. Tá certo, há dois anos, tivemos “Pantanal”, que deu os tão sonhados 30 pontos de média, mas ela foi a única. A atual novela das 21, “Mania de Você”, como esperado, não conseguiu elevar seus índices e ainda patina em torno dos 21 pontos.
O horário das sete também parece distante dos tão sonhados 25 pontos. A última trama inédita, do horário, a conseguir este feito foi “Salve-se quem Puder”, interrompida na pandemia, mas que, quando retornou, já não conseguia atingir os números de outrora. “Volta por Cima” até começou bem, é uma novelinha gostosa de assistir, mas não tem um roteiro forte e patina para segurar os 20 pontos.
Até mesmo o horário das seis, o único que ainda não tinha sido atingido pela crise, começou a sentir os efeitos. Por mais excelente que seja, “Garota do Momento”, mal consegue chegar aos 20 pontos de média. Atualmente está com 18,4 pontos, 0,8 a menos que sua antecessora e ainda enfrentará as festas, o verão e o carnaval, caminho árduo.
Na Record, seu único horário de tramas nacionais inéditas, quando no ar, já não assusta mais a Globo. “Reis”, por exemplo, uma novela interminável e dividida em partes, tem média de 6,6 pontos, muito pouco para uma emissora que sonhava em se tornar uma grande ameaça para a líder de audiência. Na sua fase de ouro, “Prova de Amor” teve 16,6 pontos de média e “Os Dez Mandamentos”, que inaugurou a ilimitada era de tramas evangélicas, fechou com 16,3 pontos de média.
A situação mais crítica, entretanto, é do SBT, “Carrossel” teve 12,4 pontos de média e a atual, “Caverna Encantada”, patina nos 4 pontos. “As Aventuras de Poliana” que atingiu, hoje inimagináveis, 17 pontos em alguns de seus capítulos, em 2018, é um número que a Globo só atinge no horário das 18.
Mas o que será que causou este reboliço? Foram os streamings? A nova forma de consumir TV? Ou o brasileiro se cansou das telenovelas? Ou, como toda geração fala: “Não se fazem mais novelas como antigamente”. Fato é que os números nunca serão os mesmos. Novelas que atingiam até 80% de share (índice de televisores ligados), parecem cada vez mais raras de acontecerem.
Em breve, ao meu ver, o que deve acontecer é o mesmo que aconteceu com a medição na Cidade do México, que também era auferida pelo Ibope, divulgar o número absoluto de telespectadores e não mais os números como conhecemos, para não espantar os telespectadores. Por lá, uma novela do chamado “horário estrelar”, exibida às 21:30, chegou a dar 34,8 pontos, em 1998, com “O Privilégio de Amar”, mas as posteriores foram minguando até chegarem aos 10 pontos de audiência e o instituto resolveu parar de divulgar o número em pontos e passou a divulgar em telespectadores absolutos.
É bem verdade que, a título de comparação, uma novela das 21 hoje tem mais público que uma novela, do mesmo horário, na década de 80, mas, naquela época, a população era menor e todo mundo comentava as tramas. Hoje, no dia a dia, ninguém mais comenta o que acontece nas telenovelas. São produtos que estão ali porque ainda vendem. Resta, a nós noveleiros, torcer para que essas produções, que são caras, não sejam descontinuadas.