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Coluna: Globo encerra romance homoafetivo em novela das seis

Emissora se torna cada vez mais conservadora

Faz exatos 20 anos que Glória Perez tentou levar ao ar o primeiro beijo gay da história da televisão brasileira. Porém a cena gravada pelos atores Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro nunca foi ao ar. E, justamente, no momento que a cena iria ao ar, a trama estava com audiência na casa dos 73 pontos, número inimaginável hoje. “América” foi a última novela a ter picos de mais de 70 pontos e ter um último capítulo com 68 pontos.

Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro em América
Foto: Reprodução

Foi só em janeiro de 2014, há 11 anos, que a televisão brasileira exibiu o primeiro beijo romântico entre homens, na novela “Amor à Vida”. De lá pra cá, tivemos várias novelas que desenvolveram casais homoafetivos com beijos.

Beijo gay em Amor à Vida
Foto: Reprodução

Porém, a nova direção da Globo, liderada por Amauri Soares, resolveu colocar, de volta, no armário, várias de suas personagens. As últimas vítimas foram Guto e Vinícius, muito bem interpretados por Pedro Goifman e Elvis Vittorio, personagens de “Garota do Momento”.

Romance gay cortado em Garota do Momento
Foto: Reprodução

A trama do casal, muito bem conduzida, não chocou o grande público, não houve qualquer burburinho, mas a direção da Globo resolveu aniquilar o casal. Por qual motivo?

A Globo tem visto a audiência de suas novelas caírem. Se há 20 anos, “América” chegava a picar mais de 70 pontos no horário nobre, atualmente “Mania de Você” se mantém nos 20 pontos. Com essa queda drástica, a Globo se acha na obrigação de agradar a grande massa. E quem é a grande massa na concepção da emissora? Os evangélicos.

Hoje os evangélicos representam, algo em torno de 30% da população brasileira, estipula-se que, na próxima década, eles serão maioria e ultrapassarão o catolicismo, que está em decadência e hoje representa menos de 50% da população brasileira.

Assim como ocorreu com o SBT, após a morte de seu dono, um judeu, onde a emissora está se tornando cada vez mais evangélica, visto que quase todas as herdeiras professam essa fé, a Globo parece querer buscar o mesmo caminho… porém com uma diferença: os donos não são evangélicos, então tudo soa meio forçado.

Enquanto o streaming realiza novelas modernas, a Globo segue se alimentando da mesma comida de 60 anos atrás. Não é um casal gay que determina o sucesso de uma obra. No mais, os evangélicos devem estar felizes, pois, nunca se teve tantas emissoras em concordância com seus dogmas. Tempos sombrios.

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Michâel Godoy

Michael Godoy é um advogado apaixonado pelo mundo das artes, além de ser um ator formado pela Oficina de Atores Nilton Travesso em São Paulo. Já foi colunista do TN Audiência entre os anos de 2014 e 2017 e retorna agora falando sobre um assunto que ele adora: televisão.

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