O comentarista da Jovem Pan News José Carlos Bernardi gerou polêmica na manhã desta terça-feira (16) após sugerir morte de judeus para que o Brasil enriqueça. Ele comparou o país a Alemanha e disse que solução possível era “matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles”.
O discurso apontado como antissemita foi feito durante o “Jornal da Manhã”. Após a repercussão negativa da fala, ele voltou atrás e pediu desculpas pelo posicionamento.
Bernardi comentava, junto com a jornalista Amanda Klein, a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um evento no Parlamento Europeu, na segunda-feira (15).
Na ocasião, Lula foi aplaudido pelos governantes da Europa. José Carlos, então, criticou o discurso do ex-presidente, quando Klein ressaltou a falta de prestígio internacional do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Na sequência, os dois iniciaram uma discussão sobre as atitudes dos políticos internacionais.
“A Angela Merkel [chanceler da Alemanha] abriu o país para todo o mundo árabe. As alemãs estão sendo estupradas em praça pública. Este é o país que você defende”, acusou Bernardi.
“Quem dera o Brasil chegar aos pés do desenvolvimento econômico da Alemanha”, rebateu Amanda.
“É só assaltar todos os judeus que a gente consegue chegar lá. Se a gente matar um monte de judeus e se apropriar do poder econômico deles, o Brasil enriquece. Foi o que aconteceu com a Alemanha pós-guerra”, opinou Bernardi enquanto Amanda ainda concluía seu raciocínio.
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A fala de Bernardi viralizou nas redes sociais e ele foi criticado por integrantes da comunidade judaica. Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ e diretor do Instituto Brasil-Israel, repudiou a fala do comentarista.
“Essa fala do ‘comentarista cristão’ José Carlos Bernardi resume muito o negacionismo histórico que tomou esse pais de assalto em 2018. Além da ignorância completa dos processos do pós-guerra, típica de um analfabeto em História, o sujeito incorpora referencias do antissemitismo”, afirmou o pesquisador em seu Twitter.
“O sujeito incorpora referencias do ‘judeu rico’ para justificar suas teses mirabolantes. Filhas do ‘nazismo de esquerda’, essas bobagens transformam o genocídio dos judeus em um detalhe”, complementou Gherman.
Amanda também lamentou o comentário do companheiro de trabalho.
“Hoje participei de um debate em que o meu colega fez um comentário antissemita. Na hora, não ouvi direito, ele me interrompia bastante. Quero manifestar meu mais profundo repúdio ao negacionismo histórico e à abjeta associação entre o Holocausto e motivações econômicas. Restringir o genocídio nazista a razões econômicas é uma forma de negar o Holocausto”, afirmou Klein.
Essa fala do "comentarista cristão" Jose Carlos Bernardi resume muito o negacionismo histórico que tomou esse pais de assalto em 2018. Além da ignorância completa dos processos do pós guerra, típica de um analfabeto em História, o sujeito incorpora referencias do antissemitismo. pic.twitter.com/E6sfho4d3h
— Michel Gherman (@michel_gherman) November 16, 2021
Jovem Pan emitiu nota com pedido de desculpas do comentarista
A Jovem Pan emitiu uma nota em que Bernardi classifica seu comentário como “infeliz”.
“Peço desculpas pelo comentário infeliz que fiz hoje no Jornal da Manhã – Primeira Edição, ao usar um triste fato histórico para comparar as economias brasileira e alemã. Fui mal-entendido”, justificou ele.
“Não foi minha intenção ofender a ninguém, a nenhuma comunidade, é só ver o contexto do raciocínio. Mas, de qualquer forma, não quero que sobrem dúvidas sobre o meu respeito ao povo judeu e que, reitero, tudo não passa de um mal-entendido. Obrigado”, finalizou Bernardi.
Ainda no comunicado, a Jovem Pan ressaltou que “as visões de seus comentaristas não refletem, necessariamente, a opinião da empresa”.