Bolsonaro avisou o então Ministro da Justiça Sérgio Moro que trocaria a direção da Polícia Federal momentos antes da reunião ministerial de 22 de abril. É o que mostra uma troca de mensagens entre os dois, obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“Moro, o Valeixo [então diretor da PF] sai essa semana. Isso está decidido”, escreveu o presidente.
Sérgio Moro, então, sugeriu que os dois conversassem sobre o assunto pessoalmente.
As mensagens fazem parte do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura supostas tentativas de Jair Bolsonaro de intervir politicamente na Polícia Federal.
A demissão de Marcelo Valeixo, publicada no Diário Oficial da União de 24 de abril, motivou a saída de Sérgio Moro do governo e, também, fez com que o ex-ministro acusasse o presidente de tentar intervir na PF.
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Conversa entre Jair Bolsonaro e Moro antes da reunião ministerial de 22 de abril
Jair Bolsonaro, às 06h26: “Moro, Valeixo sai essa semana. Está decidido. Você pode apenas dizer a forma. A pedido ou ex oficio.
Sérgio Moro, às 06h37: “Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente, estou ah disposição para tanto”.
Sérgio Moro, às 06h45: “Amanhã temos reunião agendada para 0900. Se quiser, podemos antecipar para hoje, em qualquer horário (só não posso hoje das 12-1700 por videoconferência com ministros da justiça da América Latina e depois com secretários de segurança dos Estados – conto com sua compreensão sobre esses horários)”.
Reunião ministerial foi apontada como prova por Moro
A reunião, ocorrida após essa troca de mensagens, foi apontada por Sérgio Moro como prova de que Bolsonaro queria interferir na Polícia Federal para proteger sua família.
O ex-ministro disse que Jair queria ter mais informações sobre a superintendência da PF no Rio, que conduz investigações contra Carlos e Flávio Bolsonaro.
Na reunião, segundo Moro, Bolsonaro afirmou que, para proteger sua família, trocaria o chefe [da Superintendência da PF no Rio] e até o ministro, se fosse necessário.
O que dá força a ideia de Moro é que, para o lugar de Valeixo, o presidente chamou Alexandre Ramagem, apontado como amigo próximo dos filhos de Jair. O STF, no entanto, impediu que Ramagem assumisse a PF.